Croácia...

Quando era criança, torcia contra a Seleção Brasileira por trauma. Sim, eu era uma criança retardada. Fiquei com raiva dos gritos do pessoal daqui de casa na Copa de 98 e passei a detestar a Seleção Canarinho. O que não fazia o menor sentido, já que os gritos pelo Flamengo eram ainda maiores, me agradavam e nunca sequei meu time por isso.
Hoje, estou curado desta palhaçada, mas não totalmente. Porque em 98, ao mesmo tempo que criei raiva da Seleção Brasileira, uma de camisa quadriculada me encantou.
Eu tinha 3 anos de idade, mas minha memória um pouco avantajada me faz lembrar da Croácia naquela Copa, mais precisamente da disputa do terceiro lugar. E por motivos de sei lá, aquela equipe da camisa feia mais linda do planeta ganhou minha torcida.
Era o time de Suker e Boban. Era o time que aquela criança, bobona e inocente, admirava.
Entre aquele encanto inicial e todas às vezes em que aquele moleque escolhia a Croácia no video game, criou-se um laço. Não digo amor, é uma palavra muito forte e, no futebol, isso já era exclusividade do Flamengo no coração dele.
Contei essa história, que ninguém se importa, para explicar o porquê da minha tristeza com essa eliminação. A terceira consecutiva com gols no fim.
Com o tempo, me tornei uma pessoa normal – há controvérsias – e um torcedor ferrenho da Seleção Brasileira. Portanto, a única competição em que me permito relembrar a infância é a Eurocopa.
E o gol daquele maldito Quaresma foi uma tragédia de efeitos antepassados.
O Brasil, hoje, é a seleção da minha vida, porque me forcei a isso. Mas minha seleção da infância, a paixão "natural", tem a camisa quadriculada.
Me julguem. E me condenem. Só não tentem me convencer de que aquele Strinic é um bom lateral após perder aquela bola e jogar fora um sonho.
Neste sábado, estou triste.
Mas aquela criança, coitada, está inconsolável.
Não deu, "minha" Croácia.

Twitter: @_LeoLealC