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Blog do Mauro Beting

Pagou com cartão - São Paulo 0 X 2 Atlético Nacional

Mauro Beting

07/07/2016 08h50

Medellin foi aqui. Veja o primeiro gol do melhor time da Libertadores (e que teria tido bola e campanha para ser finalista de todas as últimas 10): bola trabalhada de pé a pé, gente que sabe o que fazer com ela, sem ela. Time que se aproxima e joga em conjunto. Técnica, tática, estratégia. Porte atlético. Joga muito esse Atlético.  Mesmo parado há quase 50 dias. 

O segundo gol, aos 42 finais, seis minutos depois do belo gol do estreante Borja, foi do jovem atacante. Passe de calcanhar, infiltração, troca de posição. Outro belo gol. 

Partida decidida, classificação encaminhada. Desde os 28 do segundo tempo. Quando Maicon empurrou a cabeça do mesmo Borja na frente do árbitro. Eu teria dado amarelo. O árbitro, vermelho. Maicon, verde demais pela idade, experiência e pelas verdinhas gastas para que ele pudesse ser o zagueiro e líder que deixou de ser no Morumbi e não poderá ser em Medellin. 

Bauza preferiu recuar o mais incisivo tricolor para a lateral – Michel Bastos -, passou Mena de pouco jogo nesses dias para ser o zagueiro que errou o bote no primeiro gol, trocou o lado de Rodrigo Caio, é só depois improvisou Hudson na zaga sem seu God tricolor. 

E isso tudo com Lugano ali no banco. Torcendo como só no final do jogo o são-paulino conseguiu fazer bonito com o time derrubado. Durante a partida, o nervosismo do jogo mais calou que deu calor no Morumbi. O São Paulo começou melhor, trocando bem a bola para um time sem a criatividade de Ganso, sem a amplitude de Kelvin, e com Wesley relembrando seus piores dias do outro lado do muro do CCT. 

Ainda assim pouco criou o Tricolor. Ytalo sentiu a pressão que Alan Kardec não conseguiria resolver depois, no segundo tempo. Quando o time colombiano resolveu jogar o que sabe, sem se desguarnecer. Ele já estava melhor aos 26, quando uma bola mal saída deu na melhor chance paulista, salva pelo ótimo goleiro Armani, em balaço livre de Michel Bastos. 

Quando Bauza havia sacado João Schmidt, o mais consistente volante do time, para ser mais ousado com o meia-atacante Daniel, que há muito não jogava. Não entrou mal para quem perdeu um companheiro expulso dois minutos depois. Mas o cara para sair era Wesley. Não Schmidt.  

Até tem como entender Bauza. Wesley joga mais à frente, e pode organizar o time. Mas não o Wesley da noite. Melhor seria ficar com Schmidt. E, sem Maicon, ainda que Lugano seja mais linda lembrança que dura realidade, o Maicon da década passada seria mais justificável na zaga que Mena ou Hudson. 

Bauza não foi feliz. Quase todo o Tricolor também não. Ainda mais infeliz por enfrentar um ótimo time que não sentiu a parada na Libertadores. O que faz quase impossível a parada paulista na Colômbia. 

Também pela ausência de Maicon. Sujeito decente que pediu desculpas pelo erro dele, ampliado por todo o time. 

Mas quando se aposta tanto em um zagueiro e se lamenta tanto a ausência dele quanto a de Ganso é que se sabe quanto ainda falta para o time do São Paulo ser o São Paulo que o levou até a semifinal. 

P.S:  Dos arruaceiros, violentos, intolerantes e bandidos que tacaram terror na saída do jogo contra os próprios tricolores eu trato em outro tópico. Aqui quero falar de futebol. De quem torce pelo clube, não pela torcida. De quem torce por gente, não torce pescoço da própria gente.  

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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