Toca pro Calleri que é saudade
Ele acabou acertando com o São Paulo. E como o São Paulo acertou com Calleri.
Marcou 16 gols em 31 jogos. Deve terminar como artilheiro da Libertadores, com 9 gols anotados.
Desde a primeira partida, quando marcou no Cesar Vallejo e já se enroscou com adversários e arbitragens, Calleri foi o Luís Fabiano platino. Na dúvida, gol; na dividida, cartão. E nem era preciso dividir. Ele partia para cima dos rivais e dos árbitros com a mesma insolência artilheira. Aproveitava os erros adversários e criava problemas e provocações gratuitas, ainda que saíssem caras para o time. Alguém que vestia a camiseta que vinha sendo usada muitas vezes por desalmados em times desarrumados.
Calleri tem ótimos números. De goleador mesmo. Mas ele foi além das limitações claras do São Paulo-16. Ainda que no mata-mata só tenha feito gol em Medellín, muito do que o Tricolor se superou na Libertadores se deve ao camisa 12 do São Paulo.
Doze por ser o número da torcida do Boca Juniors de berço. Doze que passa a ser doce lembrança para o são-paulino carente de títulos e de torcedores em campo como ele. Outro convertido em tão pouco tempo de Morumbi. São-paulino batizado e abençoado pela fé do clube.
Melhor que o futebol de Calleri foi a identificação cada vez mais rara. Ainda mais no São Paulo tão intolerante dos últimos anos, como mal sabem Maicon volante, Casemiro e Lucão. Se essa sinergia saiu cara para manter Maicon, outro que chegou ao clube como se tivesse nascido em Cotia, não têm preço o apreço pelo que Calleri fez de gol. E até de besteiras por indisciplina.
Sempre se soube que o São Paulo seria ritual de passagem dele para a Europa. Ele não fincaria raízes. Mas a vida e o futebol criam situações e sentimentos inexplicáveis. Calleri foi adotado e adorado como se fosse definitivo. Jogou e se jogou como se fosse único.
A despedida dele não é definitiva. Um dia ele volta ao Morumbi. Até lá, esses seis meses de 2016 vão parecer muito mais do que foram. Não tem número que explique.
Ou tem. 12.
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