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Blog do Mauro Beting

Toca pro Calleri que é saudade

Mauro Beting

15/07/2016 14h31

FOTO: SPFC

Ele estava quase acertado com o Atlético Mineiro quando Bauza o chamou por telefone.

Ele acabou acertando com o São Paulo. E como o São Paulo acertou com Calleri.

Marcou 16 gols em 31 jogos. Deve terminar como artilheiro da Libertadores, com 9 gols anotados.

Desde a primeira partida, quando marcou no Cesar Vallejo e já se enroscou com adversários e arbitragens, Calleri foi o Luís Fabiano platino. Na dúvida, gol; na dividida, cartão. E nem era preciso dividir. Ele partia para cima dos rivais e dos árbitros com a mesma insolência artilheira. Aproveitava os erros adversários e criava problemas e provocações gratuitas, ainda que saíssem caras para o time. Alguém que vestia a camiseta que vinha sendo usada muitas vezes por desalmados em times desarrumados. 

Calleri tem ótimos números. De goleador mesmo. Mas ele foi além das limitações claras do São Paulo-16. Ainda que no mata-mata só tenha feito gol em Medellín, muito do que o Tricolor se superou na Libertadores se deve ao camisa 12 do São Paulo. 

Doze por ser o número da torcida do Boca Juniors de berço. Doze que passa a ser doce lembrança para o são-paulino carente de títulos e de torcedores em campo como ele. Outro convertido em tão pouco tempo de Morumbi. São-paulino batizado e abençoado pela fé do clube. 
Melhor que o futebol de Calleri foi a identificação cada vez mais rara. Ainda mais no São Paulo tão intolerante dos últimos anos, como mal sabem Maicon volante, Casemiro e Lucão. Se essa sinergia saiu cara para manter Maicon, outro que chegou ao clube como se tivesse nascido em Cotia, não têm preço o apreço pelo que Calleri fez de gol. E até de besteiras por indisciplina. 

Sempre se soube que o São Paulo seria ritual de passagem dele para a Europa. Ele não fincaria raízes. Mas a vida e o futebol criam situações e sentimentos inexplicáveis. Calleri foi adotado e adorado como se fosse definitivo. Jogou e se jogou como se fosse único. 

A despedida dele não é definitiva. Um dia ele volta ao Morumbi. Até lá, esses seis meses de 2016 vão parecer muito mais do que foram. Não tem número que explique.

Ou tem. 12. 

 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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