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Blog do Mauro Beting

Cartão amarelo por celebração única 

Mauro Beting

19/07/2016 09h51

Cueva gosta de celebrar gols assim. Eu não gosto. Mas eu não sou Cueva. E não sei fazer gols. 

Botar o dedo na boca como enfermeira de cartaz de hospital pedindo silêncio. Botar a mão no ouvido como se tivesse problema para escutar. Eu não gosto. Acho desrespeitoso. Arrogante. Mas eu não faço gols. E tem quem goste. Normalmente os mesmos que não gostam quando sofrem gols celebrados assim. 

Mais importante que gostar ou não é respeitar. Ainda mais importante em dias de intolerância institucionalizada é evitar problemas. Celebrar gol de qualquer jeito na frente de torcida rival é pedir para desordenar a casa. É incitar a resposta destemperada. Para não dizer premeditada. Para fazer voar isqueiro, bola de papel, pilha, moeda, antigos radinhos, o que estiver a mão e não na cabeça. Tem jogador que parece já celebrar, sobretudo nas arenas mais modernas e com torcedores mais próximos, com intuito de causar confusão. Ou punição ao adversário no STJD. 

O árbitro precisa coibir o excesso. Está na regra. E na orientação para ele. Mas também a arbitragem precisa coibir o próprio excesso. O cartão a Cueva, em Itaquera, depois do gol de pênalti do peruano. Honestamente, não era o caso. Não mesmo. 
Claro que também era questão subjetiva. Mas nenhum corintiano se sentiu ultrajado. Se é que viu. Não pareceu acintoso, ou mesmo desrespeitoso.  Foi apenas mais uma celebração de alegria, nem tanto deboche. 

Em clássico de torcida única, essa excrescência criada pelas autoridades sem autoridade, fica ainda pior. Como celebrar um gol do visitante com a torcida que está proibida? Fazendo uma LIVE do Facebook no gramado? Mandando mensagem para o WhatsApp da torcida? Pedindo desculpa para a torcida mandante pela insolência de ter feito um gol?

A violência é tanta que mata a nossa inteligência. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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