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Blog do Mauro Beting

O maior Rio do mundo é o que vence pela minha aldeia. Há 65 anos.

Mauro Beting

22/07/2016 10h09

Foi o primeiro título intercontinental do futebol brasileiro. De clubes ou seleções. Eram 8 grandes times: O campeão uruguaio de 1950, uma das bases da Celeste campeã mundial no Maracanazo; a base do Brasil vice-campeão mundial um ano antes da Copa Rio de 1951 jogava pelo Vasco, campeão carioca; a base da Iugoslávia de grande campanha em 1950 formava o campeão nacional de 1951; o campeão da Áustria em 1950 – seleção que seria semifinalista da Copa em 1954; o campeão da França (que seria bicampeão em 1952); o campeão de Portugal (que seria tricampeão até 1953); a campeã da Itália em 1950 – e que seria campeã novamente em 1952 – foi a vice-campeã do torneio vencido pelo time que precisou superar sete partidas para ser o melhor. 

O Palmeiras campeão paulista de 1950. Assim se classificou o campeão da Copa Rio de 1951. Vencedor de mais três campeonatos disputados em menos de um ano. O Palmeiras foi o outro representante do futebol que não tinha então campeonato nacional. Palmeiras também campeão do Rio-São Paulo de 1951 – o mais importante campeonato interestadual do país. 

Palmeiras também campeão da Copa Rio de 1951. Torneio criado para reerguer o futebol brasileiro abalado pela Copa do Mundo perdida um ano antes no Maracanã. Competição feita pra que o Vasco honrasse o Brasil. Desfeita do Palmeiras que o eliminou na semifinais. Refeita pelo Palmeiras que venceu a Juventus de Viola na final. Sempre tem Viola para ser tocado. Receita do campeão que deu a primeira volta olímpica internacional do futebol nacional aos gritos de "Brasil". Nunca nenhum clube brasileiro teve tanta torcida de brasileiros. Justo o que, nove antes, tinha sido obrigado a mudar de nome por não ser tão "brasileiro". Justo o que venceu um time da Itália do Palesta. Justíssimo campeão da Copa Rio. 

Conquista que levou quase um milhão de pessoas às ruas paulistanas para celebrar o feito palmeirense. Unindo rivais conclamados pelos presidentes dos próprios adversários. Nunca antes. Impossível depois. 

Vale como Mundial? Se a Fifa decretou em 2014, cumpra-se. 

Não é Mundial? Foi mais difícil que todos os torneios intercontinentais desde 1960, pelo número de jogos e qualidade dos participantes.

O campeão intercontinental não ganhou torneio continental e nem mesmo o nacional? Não havia nenhum dos dois a disputar em 1950-51. E, como também campeão do Rio-São Paulo, não havia como discutir a legitimidade do Palmeiras na disputa. 

Por que os clubes que participaram não o consideram tanto como o campeão? A pergunta já responde a questão desde a invenção do futebol, em 1863. 

Se a Fifa não o considerasse como mundial ele seria um torneio menor e sem expressão? Só para quem leu e não entendeu o que foi escrito aqui.

Você está escrevendo tudo isso só por ser palmeirense? Não, também por ser jornalista esportivo, pesquisador, escritor, diretor e roteirista de documentários, e curador de museus do futebol.

Você acha mesmo que a Copa Rio é a mesma coisa que o Intercontinental de 1960 a 2004, e os Mundiais de 2000 e a partir de 2005? Não é. Havia desde 1960 a chancela da Uefa e Conmebol , e, depois, da Fifa. Para mim e para o futebol, todos desde 1960 são campeões mundiais. 

Tem como discutir se a Copa Rio é o que a Fifa diz que é? A única coisa que não se pode discutir é que nunca houve um torneio assim. Só houve um Palmeiras campeão do maior Rio do mundo.

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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