Bolsa Pódio pode. Não pode é não ter escola.
Bolsa Atleta foi ampliada e virou Bolsa Pódio no Plano Brasil Medalha. Complexo de Mutley elevado à eNuzman potência. Em vez de pensar um país esportivo, o interesse é fazer um Brasil olímpico. Isto é, medalhado. Quanto mais medalhas conseguir para o COB, melhor. Não importando muito as vocações naturais dos brasileiros.
Desde 2005, foram 43 mil bolsas para 17 mil atletas brasileiros. Excelente. Mais de R$ 600 milhões investidos. Muito bom.
Desde abril de 2013, 201 atletas de ponta receberam o auxílio pró-ouro. Ajuda de 5 a 15 mil no Bolsa Pódio. Desse grupo de elite, 123 fazem parte do Time Brasil em 2016. Outros 78 atletas não conseguiram índices ou classificação para o Rio.
Estado pode e deve ajudar. Mas só em nome de cartaz? Os fins justificam as mídias?
Mas que adianta reclamar da falta de incentivo privado se o patrocinador não é mostrado e nem falado por parte da mídia?
Que adianta investir pesado nos atletas de nível só quando eles já são de nível?
Que adianta aparelhar escolas, clubes, parques, espaços e comunidades se não prepararmos professores e instrutores?
E ainda são poucas escolas. No máximo 40% tem quadra. E, número muito maior, tem mais pedagogo que professor de educação física dando "aula". Ou apenas como bedel do virem-se. E não se sujem tanto.
Olimpíada no Rio é abrir o freezer e encontrar um pote de sorvete no calor da tarde, abri-lo e descobrir que só tem feijão gelado lá dentro.
Adoraria ser o Guga e ser feliz e otimista como ele – e nem falo do craque de pessoa e de esportista que é. Confesso que até tento ser um cara alegre, e sou mesmo um sujeito feliz por muitos motivos reais, e outros que a gente inventa.
Mas quando se vê quanto o Brasil poderia ser também no esporte, pelas condições naturais, humanas, e tudo mais, o que me vem à cabeça é a cerimônia de abertura dos jogos. Lindíssima. Brasileiríssima. E ao mesmo tempo hipócrita. Dos mesmos criadores de uma Olimpíada devedora nas promessas ambientas e estruturais, um alerta pela mudança no planeta da gente que não planeja.
Não despoluímos a Baía da Guanabara e a Lagoa Rodrigo de Freitas como prometemos ao COI e aos coitados contribuintes em 2009. Mas pintamos de verde nossas águas incolores nas piruetas e pirotecnias nos saldos orçamentais devedores.
Alertamos contra o aquecimento global reduzindo nossa pira tanto quanto reduzimos nossas florestas.
Gambiarra é isso. Não tem graça e nem garra. É só a guerra que vamos vencendo contra o terrorismo. É só a paz que estaremos perdendo no apagar da velha chama.
Como o nosso Paes. Doa a quem Dornelles. Nós temos tudo a Temer.
As bolsas têm de ser mantidas, sem que alguém passe a mão nelas sem cerimônia de abertura, como não deixaram levar a da Bundchen. Mas é preciso ir muito além do projeto olímpico. É preciso investir na saúde, educação, lazer e tudo que ganhamos de verdade com o esporte.
É dever de estado ampliar o investimento na base, projetando não só medalhas em 16 anos, mas uma vida melhor e mais saudável não só para quem quer pódio.
É mais que dever de quem é eleito. É poder de quem vota e também pode vetar.
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