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Blog do Mauro Beting

Família Schmidt domina a Graelândia

Mauro Beting

19/08/2016 11h21

Dona Janira apareceu na TV rezando, contrita, nervosa com a final do vôlei de praia. Ela e muitos brasileiros que torciam por Alison e pelo neto dela, Bruno Schmidt, na disputa contra os italianos Nicolai e Lupo. 

A única diferença real entre ela e milhões é que, de fato, o netinho já havia vencido o ouro, de modo brilhante, por 2 a 0. Já estava tudo definido e dominado. E ela rezando como se tudo nem tivesse começado. 

Mas vai ver que é por isso mesmo que o neto Bruno e os filhos Oscar e Tadeu são tão vencedores e talentosos. A fé da vó não faia. 

Não é só reza. É oração e ação a toda hora. Era o Oscar que ficava encestando até ele cair como as bolas que ele chutava. É o Tadeu acertando a edição e o tom no programa que apresenta como nenhum outro. É o Bruno pensando, passando e passeando na Princesinha do mar. 

Família abençoada não só pela fé da avó. Por aquele genes que explicam algumas gentes que não são como a gente. São diferentes. Trabalham para isso. Mas com enorme prazer e paixão. Segredo de tudo. 

É o que faz a Graelândia (TM de @impedimento) ser um país dentro do Brasil olímpico. Oito medalhas entre tio, pai e filha Grael. O primeiro ouro feminino do país na vela não foi só por elas adotarem outras estratégias em relação às meninas da Nova Zelândia. Não foi só o atalho que acharem na Baía não despoluída. Elas não driblaram apenas sofás largados, pneus atirados e plásticos que petrificam as águas da Guanabara. Martine e Kahena ganharam por uma parceria que foi desfeita, recomeçou e deu ouro. Conquistado em casa. Nas águas que conhecem de batismo. 

O pai Torben é mais que pai. É chefe do time. Responsável por todos que singraram a água. E só sacou que era um pouco mais que isso quando perguntando pela colega Daniela Boaventura: como seria ele torcendo pela filha? Foi então que caiu a ficha. Ele não sabia.  Se tem como saber administrar isso. 

Tem atleta e campeão olímpico que algumas vezes não tem berço esportivo, e mal tem lar. Mas tem quem tem condição, tem DNA, QI, tem números, mas nem sempre os índices. Ou o instinto. Martine e também Kahena têm. E vão ter muito mais. 

A família Grael, na Marina da Glória, cantou Marina Lima: eles abriram os braços e fizeram um país. Como os nossos pais. 

Segredo conchecido de tudo. E de todos. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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