Capita. Capital. Carlos Alberto Torres.
Ser capitão de Pelé, Gérson, Rivellino, Tostão, Jairzinho, Piazza, Clodoaldo. Ser lateral da maior seleção de todas, essa de 1970. Ser um dos maiores laterais-direitos – se não o melhor – de todos.
Precisa falar mais do que ele falava mais alto e mais grosso?
Sempre. É preciso. Como foi o último gol dos 40 anos de jules Rimet. O mais lindo de todos. O do 4 a 1 na Itália, na Cidade do México.
Um gol que também nasceu por cinco anos junfos em que atuavam pelo Santos Pelé e o capita. Pelos quatro meses em que esteve junto treinando aquele bando de capetas. E pelo que foi estudado e trabalhado. E pensado.
Eram 42 do segundo tempo. Calor infernal. Metade da Itália sofrera com o Mal de Montezuma. Todo o time desgastado pelos 120 minutos de semifinal superada contra a Alemanha.
Clodoaldo sai a dribles da entrada da área brasileira. No braseiro do Azteca, Carlos Alberto mais celebra que ainda quisesse jogo. Conversa com Félix na entrada da área do que viria de festa e história. Quando então ele percebe que Jairzinho sai da direita e corta em busca da ponta esquerda. Fazendo o que Zagallo havia combinado com o elenco. Como o lateral-esquerdo Fachetti marcava individualmente o ponta-direita rival, a ordem era para que Jair cortasse sempre em diagonal, abrindo avenida para Carlos Alberto apoiar.
E foi o que ele fez. Primeiro num trote discreto. Até Rivellino abrir a bola na esquerda para Jair. Quando o Furacão da Copa veio para dentro, o Capita acelerou. Quando Jair passou a bola para Pelé, Carlos Alberto trocou a marcha e deu o último gás.
Pelé nem olhou. Nunca precisou. Ele enxergava tudo. E também viu aquele borrão amarelo chegando. Rolou a bola na direita como havia sido combinado. Como eles combinavam havia cinco anos.
Carlos Alberto veio. A bola chegou e quicou pouco antes. Craque não se importa. Atletas iluminados têm sorte. Ela subiu um pouco. O suficiente para ele pegar na veia, na passada perfeita, no gol mais plástico.
– Nem se eu quisesse repetir em computador a gente conseguiria refazer aquele lance. Deu tudo certo. Quando é para ser não tem jeito.
Não teve jeito. O futebol mundial perde um mito. O Brasil perde o terceiro dos cinco capitães mundiais.
Uma lenda. "Uma estátua. Ele parecia maior que todos os jogadores". Nem era tudo isso de altura que falou Leandro, dos maiores do país também na posição, treinado por ele no Flamengo campeão de 1983.
Mas quando se tem um talento e uma ascendência como a dele, não há tamanho que se discuta. Não há palavra que conforme.
Obrigado, capita. Você beijou e ergueu a Jules Rimet ao céu. É pra lá que você está sendo esperado para arrumar o time dos sonhos.
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