Carlos Alberto e a maior vitória do futebol

Carlos Alberto sempre levantou a taça pra mim. Não é só eterna a imagem de tão terna para nós o tri mundial. A Jules Rimet tão brigada e beijada até ser elevada aos céus é como o sorriso de Monalisa, a Pietà de Cristo, a barba de Moisés, a menina vietnamita fugindo da guerra sem roupa, o beijo de fim de guerra em Nova York. É clássico que não tem tempo. É de um tempo anterior à minha memória. 

Flavinho Gomes definiu bem a questão, ao meu lado na bancada do Fox Sports. Ele lembra 1970. Eu não. Tinha três anos. Só sei que meu pai me esborrachou no chão no gol de Jair contra a Inglaterra. Talvez por isso não lembre bem da festa no Ipiranga. Pode ser o trauma. Ou apenas trama do destino. Porque o drama esteve todo lá. A alegria também. Do Pra Frente, Brasil até todos os fronts do mundo. Aquela seleção ganhou o mundo e o planeta na primeira Copa de fato interligada via satélite. 

Via Pelé. E como viu para dar o quarto gol a Carlos Alberto, no lance genial que conto no post anterior. E como não se viu mais nada igual. Nem depois. Nem antes.  

Alegria mundial. E mexicana. Dona da festa e da maior torcida que um país-sede teve por um visitante. O México foi Brasil como nem sempre o brasileiro é brasuca. 

O México foi o policial da foto. Não sei o nome e o destino dele. Mas pra mim ele é perpétuo é tão nosso como a taça – até por ele não ter sido roubado e derretido 13 anos depois, da sede da CBF. O policial que ergue o braço e o sorriso junto com o Capita parece tão feliz quanto qualquer brasileiro abrindo o berreiro naquele instante. Ele parece se sentir tão campeão quando o capitão que nos deixou e também a imagem eterna. Para mim ele está sempre bem na foto que, como aquele time, não sai da cabeça e do coração. 

O futebol nos dá momentos e flashs assim. O Brasil nos dá felicidades dessas em campo. Carlos Alberto nos ajudou também a compartilhar uma vitória antológica. 

Quando o seu time é campeão e o mundo se levanta junto, algo muito além do futebol foi conquistado. Algo que Carlos Alberto leva com ele para outro plano. Imagem que ajuda a entender a importância que o nosso futebol tem. O que a gente precisa aprender a reerguer junto com a taça.