Topo

Blog do Mauro Beting

Clássicos nascem ou se tornam. Se são classsicos, não morrem. 

Mauro Beting

28/10/2016 08h13

Atlético X América é o CLÁSSICO DAS MULTIDÕES. Já foi a americana, segue sendo enorme a massa atleticana. Ainda é clássico. Mas já foi muito maior a rivalidade entre as equipes. Ou segue desproporcional: mais do Coelho para o Galo. 

Clássico é Flamengo X América, no Rio. Pergunte para o Trajano ou para o Alex Escobar. Segue sendo clássico o América contra o Vasco, o Fluminense e o Botafogo. Mas pergunte para os torcedores dos quatro grandes cariocas que eram cinco. Como eram os paulistas, incluindo a Portuguesa que insiste em se colocar fora do jogo e da história.  

Mas essa não se apaga. Clássico nasce clássico. Por isso é clássico. Ou vira clássico, como o Chelsea de 2003 para cá contra o Manchester United. Com maior ou menor intensidade, virou clássico. Comprou-se o clássico. Montou-se em Stamford Bridge times clássicos. Pronto. 

A rivalidade pode aumentar ou diminuir, mas ainda é clássico se um dia já foi. Como eram clássicos os confrontos entre Corinthians e Palestra contra o Paulistano, nos anos 10 e 20. Paulistano que deixou o futebol com a gênese do profissionalismo. Futebol do Paulistano que é um dos genes do São Paulo FC. 

 Cresci nos anos 1970. O maior clássico para um palmeirense vinha sendo com o São Paulo. Duas finais paulistas seguidas, uma brasileira. Até 1974. Vitória contra o Corinthians. E foi assim. E segue sendo assim para qualquer torcedor. Existem momentos mais intensos e tensos. Tem vez que o rival está melhor, outra que está por fora. Perde o impacto. Mas existe o pacto da rivalidade. Essa não morre. Ou não pode ser enterrada por quem nasceu ontem e decreta que já não é o que nunca deixa de ser: clássico. 

Corinthians X Portuguesa, hoje, quando voltarem a se encontrar, tem rivalidade apenas para a Lusa. Ponto. 

Mas é clássico. Clássico não morre, mesmo com gente matando à Lusa.  

Tenha o nome nome que tiver o clássico.  Genial como Fla-Flu e outros batismos. Discutível como Choque-Rei e outros termos criados pelo indiscutível Thomas Mazzoni. 

Só não gosto mesmo de CLÁSSICO DA SAUDADE para Santos X Palmeiras. Parece coisa de quem não é Palmeiras e nem Santos e parece minimizar ao passado a glória de ambos. E que história. Os maiores vencedores da época mais vencedora do futebol brasileiro. Saudade dela. Deles. Mas eles estão vivos. No momento, vivíssimos. 

Saudade mesmo eu tenho de mais clássicos. De um América melhor que o atual em Minas. De um América no Rio e uma Portuguesa em São Paulo do tamanho que foram.  

Saudade em tenho do tempo em que se respeitava quem tem o que contar. Só vive de passado quem tem história.  

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

Blog do Mauro Beting