Seu feio. O combate futebolístico virou concurso de Miss. Organizado pelo novo presidente dos EUA
Seu time é feio. Seu jogo é feio. Sua vitória é feia. Seu gol é feio. Sua ideia é feia. Seu desempenho é feio. Seu resultado é feio.
Seu feio.
Elevar o nível do debate no futebol brasileiro não é apenas usar palavras mais técnicas e acadêmicas. É aceitar o contraditório. É defender ideias e ideais sem atacar quem pensa diferente – quando pensa.
Elevar a qualidade da discussão do futebol vai além de bater a prancheta na mesa, o analisador tático acima de tudo, a compactação das ideias no primeiro terço do papo, e o jogo apoiado no último terço da briga. Contra números e nomenclaturas existe o imponderável. Só não pode coexistir o intolerante no Fla-Flu que virou o time dos boleirões da velha guarda contra a escola graduada dos canudos.
O futebol precisa tanto de um Roger Machado que jogou e estudou quanto de um Muricy Ramalho que jogou e agora quer se reciclar quanto de jovens formados em esporte quanto de jornalistas que se reciclam quanto os que a cada enxadada tiram uma minhoca do microfone.
Tem espaço para todo mundo. Desde que todo mundo não avacalhe a discussão, não bloqueie o desafeto, não se comunique. Tem sido bizarro observar quanto nós, comunicadores sociais de currículo, não nos comunicamos e não socializamos. Defecamos regras mas não aceitamos bostejadas alheias. Bobajamos para entupir os baldes marrons e não aceitamos que nosso lixo seja reciclado.
O futebol comporta todo tipo de vencedor. Todo campeão é respeitável. Nem todo é admirável. O problema é que agora adotamos criticar tudo. Tem muita coisa errada. Tem muita coisa que dá errado. Mas não é tudo 1 a 7. Não é só o Brasil que perdeu. É a Alemanha que venceu.
O Brasileiro não tem um nível admirável há muito tempo. Não só este ano. Mas é possível se divertir até com jogo tecnicamente ruim. Partidas taticamente mal jogadas viram grandes espetáculos algumas vezes. Partidas de poucas chances podem ser taticamente ricas. Jogos chatos para o torcedor podem ser interessantes para os analistas. O duro é quando nos divertimos pouco quando o jogo é emocionante, quando a disputa é intensa, quando o jogo é imprevisível.
Aí o erro não é do esporte e de quem o faz. É todo nosso.
Querer um futebol melhor, mais disputado, mais equilibrado, mais justo, mais correto, mais bem jogado como brasileiro (e não como outra escola) é tanto dever da mídia quanto o de enaltecer a bola (e não a pílula) quando ele é bacana. Emocionante. Ainda que limitado.
É possível um campeão jogar mais do que tem jogado o atual líder e favorito Palmeiras. É possível jogar mais bola do que tem jogado agora quem tem atuado melhor neste momento – o Santos. É possível jogar mais do que vinha atuando há algumas rodadas o Flamengo.
Só não é possível é não lembrar e não enaltecer o bom futebol de um líder como era o Palmeiras do turno. Um time que ganhava, jogava bem, jogava bonito, e não era elogiado como foi tão criticado quando não jogou bem. E nem assim deixou de ser o que deverá ser até o final.
Claro que o resultado não é tudo e não pode encerrar discussão. Mas quando há desempenho é dever enaltecer. E ainda futebol não é concurso de miss. Não é subjetivo. É de quem faz mais pontos. STJD à parte.
Nao podemos ser tão doces e tão azedos. Clubismo não é assumir o time pelo qual torce. Clubismo é não disfarçar o que distorce contra quem não torce.
Quanto mais a mídia abrir espaços para talentos como André Rocha, Leo Miranda, Gustavo Fogaça, Renato Rodrigues, Dassler Marques e muita gente que prefere analisar a polemizar, entender a doutrinar, mais buscar que burlar conhecimento, melhor será o debate que virou embate. Combate sem empate. Sem vencedores.
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