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Blog do Mauro Beting

O ar condicionado e o futebol condicionado 

Mauro Beting

10/01/2017 09h40

O ar condicionado é a melhor invenção do ser humano depois (ou um pouco antes) do parmesão. Por estes dias, como o queijo vira fondue em 5 minutos durante o horário de verão brasileiro, o ar condicionado é Fifa The Best de todas as temporadas. Concordam fãs de Lionel e Cristiano. 
Mas como tudo que os bípedes vez e outra acertam, raios gumertizadores e complicator mode ON costumam ferrar quase tudo. Para que simplificar se podemos complicar? Pegue agora seu controle remoto do ar condicionado na firma. Ou mesmo no seu carro. Veja a quantidade de setas, ícones, modos, cool, fan, modes, timers, e desenhinhos ininteligíveis. Mais fácil entender o último capítulo de LOST ou fazer a

árvore genealógica de GAME OF THRONES do que fazer o inverno enfim chegar no seu veículo ou recinto. 

Não dá para voltar aos tempos românticos do aparelho? Liga, gela. Pronto! Desliga, torra. Acabou! Não preciso ligar por tempo determinado. Ou na hora programada. Ou, pior ainda, ligar o modo "fan". Ventilador eu uso jornal para abanar, Fujitsu! O seu Springer, por obséquio, eu quero WINTER no meu quarto! Estalactites no meu carro. Estalagmites no computador da empresa. É isso. Não compliquem. Por favor. Modo Sibéria. Ou esposa contrariada. Só isso. 
E não me peçam para esperar gelar. Não dá pra pedir para ficar frio enquanto esfria. É PRA ISSO QUE VENDI MEUS FILHOS, VENTISILVA! Eu quero meus ossos gelados. Pago o que for. Eu quero me sentir o Leonardo di Caprio de mãos dadas a Kate Winslet no oceano. 
Todo esse meu desabafo no meio do bafo senegalês do Hell de Janeiro (como se alguém soubesse como é o calor no Senegal…) só pra dizer que um time de futebol dos últimos anos é como o controle remoto do ar condicionado. Você aperta um monte de botões e se irrita e ele não funciona direito. Ou não fica do jeito que você quer quando mais precisa dele. 

Sei que é preciso estar frio. Dar um tempo. Uma hora a temperatura regula. Fica bom. As coisas se ajeitam. Mas para que tanto botão? Sei que não é de uma hora para a outra. E também não é no auge do calor que tudo se conserta. Nem deveria ser como tem sido nos últimos anos. Um monte de frescura que não refresca. Muita informação e não tanto conhecimento. Mas simplificar as coisas facilita para tudo e para todos. Aperta UM botão e pronto. Não precisa dar tanta opção e função. Basta gelar geral. Só isso. 
O pranchetor mode on é praga que infecta e infesta e atrapalha tanto quanto o sungator do Renato Portaluppi. Não precisa abusar das tecnicalidades a linguagem. E nem achar que tudo se resolver pelo dom que vem no DNA. Claro que Renato assumidamente cutucava mais a imprensa que os colegas quando elogiava à praia mais que a prancheta, mas estudo nunca será demais. Será sempre um ar fresco em mentes mais cozidas. 
Mas o gênio de fato é quem descomplica. O futebol é fácil. Nós é que adoramos esquentar a discussão e jogar óleo na frigideira. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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