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Blog do Mauro Beting

O jogo da vida. Palmeiras 3 x 3 Cruzeiro. 

Mauro Beting

29/06/2017 07h50

Em 5 minutos, o Palmeiras de Cuca começava melhor que qualquer outra partida em 2017. Criou três chances, uma espetacular com Guerra. Parecia o Palmeiras insaciável do primeiro semestre de 1996. Aquele que caiu diante do Cruzeiro na Copa do Brasil. No contragolpe. Como Alisson de novo puxou, o ótimo Diogo Barbosa passou, e Thiago Neves complementou aos 6. Com cinco celestes pisando na área contra atônitos dois palmeirenses expostos pelo apagão defensivo paulista. 
Com 30 minutos no Allianz Parque, o Cruzeiro parecia o dos melhores momentos de Mano, com intensa movimentação entre os três meias, flutuação de Sóbis, e mais dois belos gols de Robinho (aos 19) e Alisson (30) em jogadas bem construídas. Fluidas como a Raposa multicampeã de 2003. Ou a vi brasileira de 2013-14. 

O Palmeiras parecia o perdido e quase rebaixado de 2014. Tchê Tchê cada vez mais parecendo a trajetória de Mococa: meia fulminante em 1979, fulminado em 1980. Quando Cuca deu o ar da graça como tantas vezes em 2016: voltou com o volante para a lateral direita no lugar do sacado e assustado Fabiano, apostou em Egídio na lateral onde Zé Roberto não se acertava, e passou o Zé para pesar e pensar e passar no meio. 
O Palmeiras se organizou, o Cruzeiro esperou, e o jogo virou no intervalo. Borja enfim lutou (e ficou mais na área no lugar do lesionado Guerra), Wilian recuou como meia-atacante no novo 4-2-3-1 espelhado no celeste, e o Palmeiras incorporou o espírito de 1999. Sem Romero amarelado, Mano optou por Hudson que foi mal. Parecia o Cruzeiro de tantas instabilidades recentes e receios recorrentes de Mano. Pouca transição defensiva, erros nas bolas aéreas, e um fatal recuo fetal. 
Bola bem trabalhada, gol de Dudu aos 6. Bola bem disputada, bis do decisivo Dudu aos 15. Bola parada bem treinada, William no desvio, depois de impedimento tecnológico de Thiago Santos no início do lance. 

Em 19 minutos, o Palmeiras dos últimos segundos das partidas da Libertadores. A equipe que dá raiva ao orgulho. O jogaço sensacional como havia sido Cruzeiro 3 x 3 Grêmio pelo BR-17. Mano acordou. A Raposa cresceu. Mas foram apenas cinco chances. Nenhuma defesa de Prass. Foram 13 do Palmeiras. Mas poucas mais depois dos 19 minutos mágicos no Allianz. 

Como disse um cruzeirense ao final do jogo, "parece que o campo fica inclinado no segundo tempo dos jogos do Palmeiras. A torcida e o time acabam empurrando a bola para dentro do gol!" Foi isso. O torcedor que vaiou no intervalo foi o mesmo que aplaudiu um mau resultado de 3 a 3 de um um jogaço com dois times que mereciam vencer. 

O Cruzeiro volta a Minas com boas chances de classificação. Mas poderiam ser muito maiores. O Palmeiras deixou o gramado com gostinho de quero mais. Mas sabendo que o placar não foi bom. 

É o futebol como a vida. Tem explicação. Mas em certos momentos, melhor curtir grandes momentos do esporte. E da vida. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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