Paulo do Grêmio
Paulo Santana era Grêmio mais do que o Grêmio é Tricolor. Paulo Santana era cronista mais do que jornalista. Paulo Santana era coração mais do que cabeça. Por tabela era mais fígado e cotovelo do que muita vezes o recomendado.
Mas era brilhante. Daqueles que você para para ouvir mesmo que fosse a pataquada da paróquia. Porque Paulo sabia dizer muito no silêncio. Na pausa. Na inflexão. Nas reflexões. Sabia falar e escrever. Virtude ainda maior em dias em que mal se sabe escrever, mal se lê, e se entende muito mal.
Paulo desde sempre era assumidamente Grêmio num mundo onde parece ser melhor ser sumidamente "neutro". Rio Grande do Sul onde não se pode ser um e outro pela duelo de maior dualidade do país.
Paulo bravateava e desbravava áreas que outros colegas queridos e amigos começam a peitar, tirando do armário a camisa do coração, assumindo a paixão que nos levou à mídia. E quase sempre mantendo os modos e a média necessária para garantir o leitinho nosso de cada dia.
A última vez que estive com ele foi no Palácio da Alvorada, no jantar pré-Copa de 2014 com a presidência. Sentado ao lado de Dilma, Paulo roubou a cena com deus arroubos de humor fino, e seu apaixonado e apaixonante jeito de expressar apreço e desapreço na mesma frase. Arrancou da excelência os maiores sorrisos e risos. Fazendo tudo mais fácil. Aparando arestas. Criando questões. Ensinando comunicação. Desfraldando bandeiras. Fardando convicções.
Um show. Que não pode parar. Criar novos Paulos não é fácil. Mas vestir a camisa e abrir o jogo é necessário, ainda que difícil.
Que as novas gerações se inspirem em quem torce por um clube mas não distorce por ele.
Uma eterna madrugada japonesa de 1983, Paulo Santana.
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