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Blog do Mauro Beting

Futebol reativo. Grêmio 0 x 1 Cruzeiro.

Mauro Beting

12/10/2017 00h21

ESCREVE GUSTAVO ROMAN

Mais uma vitória de um visitante no campeonato nacional. Fruto de uma ótima marcação, organização tática, entrega dos jogadores e, especialmente, eficiência na hora de concluir as poucas oportunidades criadas. Não é demérito algum jogar dessa forma. Se é bonito, se agrada os gostos mais saudosistas e exigentes é outra conversa. O fato é que cada vez mais o futebol reativo vem tomando conta do país. Equipes como Cruzeiro, Corinthians e Botafogo são exemplos claros dessa nova ordem. Talvez por isso os donos da casa venham tendo tantas dificuldades e sendo derrotados até com certe frequência.

Hoje, o Grêmio foi mais uma vítima dessa armadilha. Preocupado com a Libertadores, competição na qual ele pode fazer ainda três modificações na lista de inscritos e assombrado por lesões Renato fez algumas experiências. Taticamente o time continuou o mesmo. Um 4-2-3-1 com boa posse de bola. Porém, sem a criatividade dos jogadores talhados para quebrar as linhas de marcação do adversário, casos de Ramiro e Luan, o Tricolor pouco ou quase nada fez com a redonda.

O Cruzeiro também manteve seu estilo. Jogou num 4-4-2 com muita velocidade pelos lados do campo. Tanto na hora de atacar quanto na de recompor a defesa. Até os dois atacantes, Sóbis e Thiago Neves voltavam para dar um pé na contenção.

Com tanta atenção a retaguarda de um lado e com pouca inspiração do outro não foi surpresa ver que o primeiro tempo terminou num zero a zero. Quase sem finalizações. Praticamente sem chance alguma criada para qualquer dos lados.

Na etapa final o Tricolor buscou um pouco mais o ataque. Afinal, está no imaginário do apaixonado torcedor que o time da casa precisa propor o jogo. A equipe até criou duas ótimas oportunidades de abrir o placar. A primeira na falta cobrada por Arroyo. A segunda na finalização a queima roupa de Everton. Rafael fez grandes defesas em ambas e salvou a Raposa.

O avanço do Grêmio era tudo que o Cruzeiro queria. Se defendeu bem. Soube sofrer como dizem os especialistas de hoje. E achou espaços para encaixar um contra-ataque mortal. Aos 24 minutos, Thiago Neves recebeu livre de marcação. Teve tempo de dominar. Olhar. Pensar. E achar Rafael Sóbis em posição legal. O atacante ficou cara a cara com Marcelo Grohe e só tocou de lado para fazer um a zero. Na primeira e única chance real dos visitantes na partida. É a tal da eficiência. Ao extremo.

Em desvantagem, Renato tentou tornar sua equipe mais ofensiva. Novamente esbarrou no pouco poder de criação do time hoje. E acabou cruzando inúmeras bolas na área do time mineiro. Consagrando assim os zagueiros Manoel e Digão. Sem grandes sustos, o Cruzeiro segurou a vantagem até o fim. E conquistou três pontos importantíssimos.

O jogo foi mais uma lição. Posse de bola. Número de finalizações. Chances criadas. Fator casa. Tudo isso importa cada vez menos. Pelo menos no brasileirão. O importante agora é saber se defender. Esperar o ataque ou o erro do oponente. E ser letal nas suas investidas. Você pode até não concordar. Ou não achar bonito. Mas o futebol reativo parece ser a nova fórmula para o sucesso.

ESCREVEU GUSTAVO ROMAN

Veja a Vídeo Análise de Gustavo Roman

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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