Estamos perdendo a batalha

Capa do jornal MARCA, de Madri, Real: "Foi pênalti!". A foto mostrava um toque de Benatia em Lucas Vásquez no polêmico pênalti de Real Madrid 1 x 3 Juventus, na semana passada. Como quase toda foto, até beijo da avó na netinha vira infração para cartão. Na imagem do diário madrileno e muitas vezes madridista, um lance para marcar o pênalti – que eu também marcaria.

Mas que jamais colocaria em manchete: FOI PÊNALTI. Como se fosse um fato consumado. Indiscutível. Uma bola que entrou. Uma posição de impedimento claro. A regra nesse caso é interpretativa. No lance em questão, todas as opiniões são válidas. Todas elas. Menos as afirmativas como a deplorável manchete do jornal de Madri, Real.

Isso não é futebol. E muito menos jornalismo.

Como ainda pior fez o SPORT, de Barcelona: "O roubo do século!" . Piorou. Não apenas também decretou uma opinião indiscutível a respeito de um lance hiper discutível. Ainda sugeriu que houve algo encomendado para beneficiar o Real Madrid. Um roubo. Apito amigo. Esquema. A baboseira mimimi que está se tornando insuportável no mundo e na mídia.

Estamos todos perdendo essa batalha. Os que escancaram o clubismo à enésima potência do "roubo". E os que arrogam prepotências e arrotam jactância decretando a "verdade" imperial dos fatos. Os que monopolizam a sabedoria. Guardiões da ética. Paladinos da moral. Invencíveis. Perfeitos.

Patéticos. Todos eles.

Patético o público que acaba exigindo da imprensa um posicionamento desse tipo. Clubista, bairrista, descompensado.

A talibancada brada seu tacapes em brasa exigindo cabeças. No lance do impedimento muito mal marcado que impediu o Independiente de empatar com o Corinthians, não adiantou eu escrever no texto anterior que "o erro absurdo do bandeirinha ao invalidar um gol claríssimo do Independiente…". Se exigiu mais sangue, teorias, teses, fatos recentes, históricos, estórias, escórias, escoriações generalizadas.

Estamos perdendo o jogo.