Hoje tem mais nordestino em Portugal x Espanha do que nos jogos do Brasil

Pepe, de Maceió (berço do único dos 23 brasileiros chamados por Tite que nasceu no Nordeste – Roberto Firmino), vai ter de marcar em duelo duríssimo em todos os sentidos o vizinho estadual Diego Costa, de Lagarto, Sergipe.

Não será pela Copa do Nordeste num confronto entre CSA ou CRB contra o Lagartense. Mas pela Copa do Mundo na Rússia. Entre a Espanha que naturalizou Diego Costa contra Portugal que virou a camisa de Pepe.

Que o mundo esteja globalizado até o Coronel Nunes da CBF sabe. Afinal, para ele, Marrocos, EUA, México e Canadá são quase a mesma coisa. Ou para o delegado que apertou o botão certo na votação para a sede do Mundial de 2026. Ou o errado. Nunca saberemos dizer quem roeu a corda. Ou apenas se enganou numa escolha tão simples. Vai saber se houve erro ou dolo. Apenas um engano. Natural para tamanhos desenganos na entidade.

Mas o que eu quero falar é que o Brasil terá apenas um do Nordeste em campo. É quase nada. Quem poderia ter? Se ainda fossem elegíveis para a Seleção, não chamaria Pepe e Diego Costa em 2018. Talvez antes. Mas não agora. E não se pode mesmo convocar por cotas geográficas. Em sentido algum. Futebol não é isso. Embora já tenha sido demais bairrista e clubista na Seleção até os anos 1980. Sempre a favor de Rio e São Paulo.

Agora é outra realidade. Perversa até. Mas é o que temos. Algo que a CBF poderia rever. Não com mensalinhos para os presidentes das federações estaduais. Mas com dinheiro para investir para fomentar o futebol em regiões que nos dão espontaneamente Rivaldos e Martas. Ou só um Rivaldo e uma só Marta. Singulares.

Trazer até recursos de clubes de fora. Esses como o Real Madrid que está investindo 90 milhões de euros em sub-18 talentosíssimos como Vinicius Jr. e Rodrigo para suprir o que não conseguiram em 2006 com Neymar. Formar na Ciudad do clube os talentos que ainda brigam pelo Brasil. E no Nordeste que não damos bola.