Topo

Blog do Mauro Beting

Apito à parte, tem de respeitar. Alemanha 2 x 1 Suécia.

Mauro Beting

23/06/2018 15h19

A velha piada inglesa é a velha certeza mundial: o jogo só acaba quando termina para a Alemanha. "Futebol são duas equipes com 11 jogadores e, ao final dos 90 minutos (ou pouco além deles, acrescento), quem ganha é a Alemanha". Como jogou para vencer a Suécia que jogou para não perder. Como perdeu a chance a Suécia de vencer também porque o VAR não vai – racha. Não marcou pênalti claro para os suecos que poderia ter mudado a história do jogo. Mas não das Copas. Tem de respeitar essa tal de Alemanha. Qualquer uma. Até quando não joga tudo que pode. E com um alemão a menos. O que muitas vezes significa ainda mais dos que os rivais.

1º TEMPO – Low mudou tudo para a segunda partida. Sem o lesionado Hummels, apostou em Rudiger para fazer companhia à má fase de Boateng. Rudy para dar mais consistência no meio do que Khedira. Hector voltou à lateral onde ele não deveria ter saído. Na frente, Muller foi centralizado atrás de Werner, Reus passou pro lado direito, Draxler ficou com a banda esquerda. Kroos caiu um pouco mais para a esquerda para organizar o jogo desde atrás como muito bem faz. Mas quem poderia imaginar que justo ele erraria passe tolo que daria no golaço de Toivonen, na Copa dos contragolpes? Nem foi preciso marcar tanto à frente e morder. Foi um erro de passe raríssimo que deu no gol sueco, aos 31 minutos. A Alemanha ainda chegaria à meta do ótimo Olsen. Mas a maior chance acabaria sendo de Berg, que só não ampliou por ser Neuer quem é, aos 47.

O time que reiniciou o segundo tempo, com Mario Gomez

2º TEMPO  – A Alemanha já tinha mudado o time aos 30, pouco antes do gol sueco, quando Rudy saiu com o nariz sangrando. Gundogan entrou para dar mais ritmo e qualidade no jogo no meio. No intervalo, com Mario Gomes substituindo o amuado Draxler, Thomas Müller abriu pela direita para entrar em diagonal. Reus foi criar superioridade pela esquerda com Hector e Werner deslocado para abrir espaço na frente para Gómez. Gundogan saiu um pouco mais e a Alemanha cresceu para empatar com Reus, de joelho, logo com 2 minutos. Então seria um festival de gols perdidos pelos alemães tanto quanto o equilíbrio. A Suécia perdeu as pernas e tentou trocar nomes para aguentar a blitz. Aos 28 entrou Durmaz como externo pela direita. Guarde esse nome. Aos 36, Boateng demorou para ser expulso. Mas enquanto os suecos empilhavam gente atrás, a Alemanha se atirava. Brandt veio a campo aos 41 para, aos 46, livre, mandar um canhão na trave. Não parecia dia de Alemanha. Mas toda Copa pode ser deles. Werner escapou pela esquerda e foi derrubado tolamente por Durmaz. O mundo sabia que poderia dar o que aconteceu. Os deuses da bola também tinham que dar nova chance a Kross (como os diabos do apito deram ao não marcar o pênalti claro em Berg). Falta em dois lances que ele criou, tirou da barreira, do goleiro, e botou na rede lateral e em mais mais uma história de superação alemã. Não é raça. É Alemanha.

CHANCES DE GOL – ALEMANHA 6 x 3 primeiro tempo;  ALEMANHA 11 x 3 segundo tempo. TOTAL: ALEMANHA 17 x 6.

O LANCE – 49 do segundo tempo. Durmaz derruba Kross rente à linha da grande área. Era só cercar. Com a falta que deu no golaço de Kross.

O CARA – Kroos errou o passe que deu no belo gol da Suécia. Sem Rudy lesionado, teve de sair menos para o jogo. Na pressão pelo empate, ficou praticamente como o terceiro zagueiro à esquerda para iniciar o jogo alemão. E, no último chute, fez o gol da vitória.

TÁTICA – Suécia manteve o 4-4-2 que é cláusula pétrea. Pela pressão inicial alemã, mais um 4-4-2-0, sem ninguém à frente, e as duas linhas muito próximas, estrangulando a Alemanha, marcando como handebol. O time de Low veio no apito inicial no 4-2-3-1. Na prática, um 2-4-3-1, com os dois laterais espetados nas pontas, Kroos um pouco mais atrás pra articular a saída de jogo a partir da esquerda, como Boateng faz o mesmo pela direita, com os três meias se mexendo bastante. Praticamente um 3-3-3-1. Sem a bola, Hector recua e faz a lateral, com Kroos ocupando a faixa central. No final, o desenho abaixo. A Alemanha com um a menos, mas sempre parecendo ter gente a mais.

BOTA-TEIMA – 13min, Pênalti de Boateng em Berg, que juiz não viu, mas VAR absurdamente não enxergou. Era pênalti e era cartão vermelho para o zagueiro alemão, depois do erro na saída de bola de Rudiger.

Aos 36 do segundo tempo, o VAR deve ter dado o ar da graça ao expulsar Boateng pelo segundo amarelo.

NOTAS DO JOGO –  ALEMANHA 8 X 7 SUÉCIA  –  JOGO NOTA 8

O CHUTE INICIAL – Alemanha 4 X 2 Suécia (palpite do bolão)

NO FRIGIR DAS BOLAS  – Faltavam 17 segundos para México e Suécia empatarem na última rodada e, desse modo, eliminarem a Alemanha. Saiu o gol de Kross. E os alemães voltaram ao páreo. O time que mais criou chances na Copa junto com a Bélgica não merecia ser eliminado na segunda rodada – ainda que com ajuda da arbitragem.

Veja a análise do jogo de Gustavo Roman

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

Blog do Mauro Beting