Você também é um filho da mãe

A mãe do Fernandinho não é uma brasileira como qualquer outra. É uma pessoa como você. Alguém que nasceu no Brasil e tem um filho que joga muito bem no Manchester City. E jogou mal em duas partidas decisivas de duas Copa distintas. Com o mesmo final trágico para nós que acordamos amanhã e vamos trabalhar – se tivermos onde. E ninguém vai nos cobrar porque jogamos nada no 7 a 1. E nem reclamar o porquê de a bola que bateu nele e foi pro gol contra. E o porquê dele não conseguir bater naquele Lebron do Lukaku.

A mãe do Fernandinho lamentou ao lado da Glenda Koslowski quando viu o que a gente reviu e ainda não acredita: "por que tinha que ser com o meu filho?". Por que tinha que ser com o nosso time?

Porque foi. Acontece. Até demais com ele. Mas acontece. Talvez fosse com o Cerezo que errou o passe em 1982 e não teve volta. Aconteceu com o Lúcio em 2002 no erro do gol a favor da Inglaterra e teve virada. O Júlio César só errou numa saída de bola em 4 anos do Brasil do Dunga e a gente saiu em 2010 também por aquilo.

É injusto. Mas é. O que não pode ser é invadir a rede social do Fernandinho pra arrasar com ele. Ainda mais com insultos racistas. É achar que porque ele ganha muito bem ele não tem o direito de perder um jogo muito mal. Tem sim. E ele sofre demais mesmo não tendo que quebrar pedra cinco da manhã. Ganhando em dia mais do que nós em décadas. Fruto dele. Sorte dele. Trampo dele.

Sujeito a críticas e trovoadas. Mas não pode um sujeito qualquer desancar o filho da mãe dele. Não pode a família expiar pecado por um erro.

Antes de desancar qualquer um, pense um pouco mais na mãe dele. Na nossa mãe. Não é tudo filho daquela. Somos todos filhos das mães.