Carta da bola a Neymar
Neymar, você me conhece como poucos neste mundo. Você me trata como raros na história. Por minha causa você merecidamente ganha uma bolada. Mas eu, enquanto bola, estou preocupada como nunca com você. Principalmente pelo mundo que deveria estar hoje como eu – aos seus pés – hoje estar mais rolando – como nós – e te ralando e ralhando pelos seus excessos. Apenas seus.
Você apanha há anos mais do que eu em pelada de jornalista esportivo. Ninguém recebe, cria, inventa, simula (e também por isso) deixa de ter marcadas tantas faltas como você. Parece que rivais e árbitros (às vezes ambos ao mesmo tempo e ambos adversários) são sádicos ou sábios contra você. Querem te derrubar. São zangados e são zuñigas com você.
O mérito e também a culpa é toda sua. Ninguém bate ou consegue derrubar Messi. Ninguém prostra Cristiano que já caiu muito – mas agora só me joga.
Juninho (permita-me chamar como seu pan te chama), seu Neymar te ensinou muito em campo. Inclusive a fugir do pau e da pedra e dos podres que entram para te fazer sair. Mas vá por mim: só eu rolo em campo. Deixa os rolos pra fora. Até porque mesmo quando você é pisado na maldade, ainda discutem que você exagerou. Fazem memes com algum mimimi. Chacota que te chicoteia quando você merecia aplauso e atenção.
Ninguém no Brasil neste século me trata como você. Ninguém me joga tão bem. Ninguém faz tantos gols comigo. E falo em nome de todas as do mundo que ainda pode ser seu. Best da Fifa e/ou com o caneco na mão. Não como craque expiatório para as bestas do apocalipse da mídia abaixo da média.
Não quero que você se perca como Ronaldinho Gaúcho quando foi o melhor do mundo e depois me largou. Você até quando joga mal quer jogo. Me pede e até fica comigo demais. Mas joga. Faz gol.
Mas pode fazer mais. Para evitar o mal que está sendo feito contigo. E não apenas no México que perdeu o jogo e a compostura te criticando além da conta. Muita gente no mundo que ainda será seu e no Brasil que ainda é nosso sai rolando de sacanagem em todos os campos e relevando sua absurda técnica que até parece sacanagem.
Juninho, você é como eu. Um bolão. Eu só te quero bem como você sempre sonhou comigo. Mas tem hora que é preciso me parar. Refletir. Jogar o seu jogo sem se jogar. Me rolar sem você se rolar tanto. Me passar um pouco mais para os outros. E sem me dar tanto para críticas destrutivas. Como dizem, "não dê bola pra eles". Sei que não é fácil. Deve doer como muitas pancadas. Porradas de quem esquece o tempo que você ficou fora de campo antes desta Copa. Os jogos que tanta falta você fez em 2014. As faltas que tanto você sofre.
Juninho, eu tenho casca grossa e dizem que só tenho ar dentro. Seja como eu que você tanta ama: uma carapaça impermeável que não veste carapuça. A alegria dos jovens.
Até posso murchar. Mas basta um novo fôlego e desafio para seguir em frente como você: rumo ao gol. "Goal" em inglês. "Objetivo". Vá cada vez mais rumo ao gol e ao objetivo.
Eu te prometo, enquanto bola, que da próxima vez não vou ser isolada como aquela que você me passou pra outro monstro como Coutinho. Vou ser ainda mais sinuosa só para o Courtois não me pegar no ângulo naquele seu último chute.
Eu vou te fazer ainda mais feliz como você merece e sua torcida, também. Não abaixe a cabeça. Sei que não é fácil tirar um Brasil em cima de seus ombros. Mas dê de ombros.
Me role. Não você.
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