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Blog do Mauro Beting

Não se cobra título, mas tem gente passando recibo

Mauro Beting

14/11/2018 09h21

O Santos de Pelé não era obrigado a ganhar as cinco Taças Brasil que enfileirou de 1961 a 1965. A imprensa exaltava e respeitava o campeão, e criticava de um modo geral o que era justo. Não o que gera clique na página, não nas sinapses. 

O Botafogo de Garrincha e Nilton Santos, uma das bases do bicampeonato mundial em 1958-62, também não era obrigado. Até porque foi goleado no Rio por 5 a 0 na decisão de 1962 pelo "desobrigado " Santos de Pelé. A primeira Academia do Palmeiras também não ganhou em 1965 a Taça Brasil que, em 1966, foi brilhantemente conquistada pelo Cruzeiro de Dirceu Lopes e Tostão. 

Nem em 1967 quando ganhou o Robertão o Palmeiras era obrigado a conquistar a Taça Brasil que também conquistou no mesmo ano. Nem da Segunda Academia que foi base da Seleção da Copa-74 se cobrava título. O espetacular Inter de Falcão foi tri brasileiro na segunda metade dos anos 1970 mas não era obrigado – e foi superado pelo Cruzeiro campeão da América em 1976. O melhor time que vi no Brasil (Flamengo de 1981-82) também não era. E ganhou tudo, de 1980 a 1983. Sem obrigação. Como o Grêmio que pintou a terra de azul em 1983. 

Os Menudos do São Paulo de 1985 a 1987. O São Paulo de Telê campeão de tudo de 1991 a 1994. As Vias Lácteas montadas pela Parmalat no Palmeiras em 1993-94, primeiro semestre de 1996, e 1998-99. O Grêmio de Felipão de 1994 a 1996. Vasco de 97-98. O Corinthians pós-Excel e da HMTF de 1998 a 2000. O Cruzeiro da tríplice coroa de 2003. O São Paulo tri-tri de 2005 a 2008. O Inter campeão de tudo a partir de 2006. O Santos de Neymar de 2010 a 2012. O Timão de Tite de 2012 e o de 2015. O Fluminense da Unimed de 2010 a 2012. O Cruzeiro bicampeão de 2013-14. O Galo Doido de 2013. O Palmeiras da Crefisa e Paulo Nobre a partir de 2015. O Flamengo com o dinheiro que acumulou a partir de 2013. 

Ninguém é obrigado a ser campeão brasileiro. Do torneio mais equilibrado entre as grandes ligas do mundo. Dos campeonatos que já tiveram os melhores do mundo, de 1959 até 1974. Dos torneios que caíram demais de nível nos últimos anos. Dos certames imprevisíveis onde só as análises previsíveis clubistas e bairristas cobram os títulos que antes não se podiam cobrar. E agora também. 

Não se cobra título brasileiro de ninguém. Mas tem gente passando recibo. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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