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Blog do Mauro Beting

Pelé... Messi... e um Tostão de prova

Mauro Beting

27/02/2019 10h46

No Brasil, não há ex-jogador e pra sempre craque que escreva como Tostão. Não é Valdano, o mais genial dos craques escrevendo e pensando futebol. Mas é quem melhor vê e escreve, antevê e entende como craque além das quatro linhas, e de todas as linhas que escreve duas vezes por semana.

Tostão jogou contra e ganhou espetacularmente de Pelé no ano em que nasci, na conquista da Taça Brasil. Quando Dirceu Lopes (mais), ele e a maior constelação do Cruzeiro ganharam duas vezes do Santos penta da Taça Brasil. Naquele mesmo 1966 Tostão já havia se salvado no Brasil da Copa da Inglaterra. Fazendo a de Pelé contra a Hungria na derrota por 3 a 1 – gol dele. Em 1970, abria espaços pra Pelé como a referência no 4-2-3-1 de Zagallo, e recompunha sem a bola no lugar Dele.

Tostão jogou demais contra Ele. E com Ele. E enxerga demais Messi messiânico pelo Barcelona, nem sempre letal (ou apenas mortal) pela Argentina onde tem que passar a bola pra Higuain, como corneta com classe Tostão.

Na querela Pelé x Messi, o doutor Eduardo deixa claro que o jogo segue aberto. Até por tudo que faz Messi, por tudo que ainda pode fazer também pelos outros Messi.

Tostão define que Pelé "era um touro genial. Messi é genial".

Preciso e conciso. É por aí.

Não é saudosista o Tostão. Ótimo. Mas ele tem saudade. O que é melhor. Quem vive de passado é quem tem história. E quem foi aquele Cruzeiro e o melhor Brasil vive eternamente acordado em berço esplêndido.

Para quem não consegue enxergar o brilho de Messi e só revê seletivamente as glórias do passado, um toque de classe de Tostão. E nisso estou com ele, que não acerta todas – como alguns fidelíssimos tostanistas assinam embaixo tudo que ele escreve e reescreve, como os que acham que tudo que Chico compõe é genial. E acabam entrando na mesma vala comum e fossa negra dos que criticam os autores pelas convicções de urna.

Tostão pontua que hoje "as defesas se posicionam melhor e deixam menos espaços". É isso. É só ver ou rever frames dos anos 70 pra trás. Tinha mais espaço e, por tabela, mais "jogo". Talvez tecnicamente alguns becões e volantes melhores então. Mas, taticamente, e também fisicamente, hoje se joga mais. Ou pior: não se deixa jogar mais.

Tostão tem razão. Quase sempre.

Ainda o jogo segue aberto.

Pra mim, e já desde a virada da década, Messi é o melhor deste mundo.

Pelé é ET.

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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