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Blog do Mauro Beting

Vamos falar de bola e não da fala de técnico?

Mauro Beting

27/03/2019 13h31

Quando ganhou lindo da Argentina no Mineirão, Tite falou na coletiva "link para cortar linha de passe". Na espetacular goleada em Montevidéu, "externo de agressividade", como coletou agora o brilhante Gustavo Zupak.

Agora que o Brasil só empatou bisonhamente contra o medíocre Panamá que marcou um gol em impedimento (o segundo irregular sofrido pelo Brasil dos apenas cinco que levamos desde março de 2018), encasquetamos com o vocabulário rebuscado do treinador. Até mesmo inventando o que ele não disse – as sinapses do último terço. O mesmo palavreado que desde 2001 naquele grande Grêmio usava.

E por isso não o fazia melhor ou pior. Apenas diferente. E mais estudado. O que parece crime neste Brasil de escola sem escola. Onde a prática goleia a prancheta. Quando deveriam tabelar, e não ser excludentes.

Mais se fala do discurso empolado por vezes de Tite que da bola empobrecida do time. O que também não é excludente. Mas não é prioritário. Até porque a boleirada entende o que ele fala. E muitas vezes faz o que ele treina.

Nem sempre, claro. Até porque o time não está legal. A confiança baixou como Coutinho. Neymar está fora. Novas peças ainda são novas demais. Algumas precisando trocar pela fadiga.

Mas o que cansa demais é não discutir o essencial. Não é o Carnaval do Neymar. É o pouco que jogamos contra rivais ruins. O pouco que estamos fazendo contra equipes fracas. O que não estamos ainda jogando o que fizemos até a Rússia.

Mas podemos crescer e muito com nossos "externos desequilibrantes" como David Neres e Everton. E sem contar Vinicius Júnior e Rodrygo pedindo passagem. E sem citar Douglas Costa. E até o preterido Dudu.

E sem falar no ponta (extremo) que flutua e que circula e que constrói como Coutinho. Um que como a Seleção e a própria comissão técnica perderam desempenho e confiança desde o Mundial. Está mal no Barça. Não tá legal no Brasil. Ainda que querendo jogo e alternando com Paquetá.

Allan vai crescer. Como Arthur é monstro. Mas ainda falta encaixe. Uma série de coisas. Algo que o tempo dá. Desde que se dê esse tempo.

Não é todo jogador que veste amarelo como se estivesse de regata e chinelão como Richarlison. Algo que Renato Rodrigues bem comentou em seu blog na ESPN: ele pode ser um "ponta-pivô" que aguenta o tranco. Pelo lado e por dentro. Com outra característica em relação a Firmino.

No frigir das bolas, o Brasil não fez boas partidas. Tite não deve ter chegado a grandes conclusões. E o que é pior: aumentou a fritura.

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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