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Blog do Mauro Beting

Gremio bicampeão gaúcho 2018-19

Mauro Beting

18/04/2019 12h25

Paulo Victor era "chama-gol" (com maldade e alguma realidade) até o Gre-Nal 419, quando foi o melhor tricolor no campo rival. Paulo Victor honrou o fardamento na volta quando defendeu por último o pênalti do melhor colorado, e ainda mais dois anteriores decisivos para a justíssima conquista invicta do Grêmio que não vencia um Gaúcho assim desde 1965. Bicampeão estadual que só levou um gol de falta ao Aimoré em 16 jogos. Marcou 38. E mereceu demais o título.

Só a torcida que não parou de cantar nos dois cantos merecia muito mais futebol das equipes. Como o torcedor brasileiro em 2019 merece muito mais bola de quase todos os grandes times que por vezes parecem pequenos em mentalidade. Ou jogam apenas para não perder. Para arrastar tudo pros penaltis. Para arrasar a penalidade máxima do futebol que é desgastar a qualidade em nome apenas do caneco que nem sempre merece ser brindado com tanta blindagem.

Foi apenas a terceira disputa decisiva de Gauchão nos pênaltis. E tinha que ser assim depois de um zero a zero sem futebol no Beira-Rio, e outro embate sem gols mais do que um empate pela porradaria que comeu na Arena tricolor.

Gre-Nal não é e não pode ser só assim. Ainda mais com elencos do nível do bicampeão estadual Grêmio e do Inter competitivo de Odair. Têm bola para jogar muito mais. E não se perder em pancadas pilhadas por ânimos mais do que histórica e histericamente exaltados. Mas exacerbados além das contas.

Os 90 minutos que pareciam pedir pênaltis desde o início começaram com a primeira das tantas faltas com apenas 4 segundos. Era a senha e também a sanha. Renato veio com o mais do que promissor Matheus Henrique mais uma vez arturzando com Maicon, com o ótimo e elegante Jean Pyerre sentindo a decisão mais por dentro. Alisson e Everton não dando a velocidade ideal, e André andrezando à frente.

O Inter prendeu o apoio de Leonardo e Cortez com Pottker e Nico pelos lados, Guerrero e Kanneman se pegando, e Edenilson e Patrick sempre muito eficientes. Mas pouco criativos como quase todos em campo.

Também pela excelência técnica e tática das duplas defensivas Moledo e Cuesta, Geromel e Kanneman.

E, sim, acreditem, bem guarnecidos pela fase de Marcelo Lomba e Paulo Victor. Reservas que mereceram a titularidade e elogios que antes eram negados.

No primeiro tempo, Lomba espalmou aos 15 uma bola que o impedido André conferiu e o VAR demoradamente invalidou. Teve mais um tiro de Kanneman depois de escanteio. Duas cabeçadas perigosas de Guerrero, aos 36 e 38. Mais um tiro longo pra boa defesa de Lomba.

Só.

E mais muita pegada e chororô de simulações de atletas querendo atrapalhar a vida do árbitro e a qualidade do espetáculo.

Batista que jogou demais por Inter e Grêmio e Seleção, e que participou de outros clássicos assim, deu a letra desde o início na ótima transmissão do Premiere com Luiz Alano. Dava pra jogar mais bola. Dava para não se pegar tanto.

Na segunda etapa, menos do mesmo. O Inter chegou duas vezes no mesmo minuto, aos 13. Renato respondeu com Luan no lugar de Jean Pyerre. Mas ele seguiu amuado.

O Gre-Nal seguia mais marcado que jogado até Parede (que substituiu Pottker mais para marcar do que atacar) puxar o calção de Cortez, depois de uma disputa por espaço que eu não marcaria falta. Mas marcaria o agarrão do colorado. Agarrão não tem interpretação. É falta. É pênalti. E foi pelo VAR.

Mas vai convencer D'Alessandro disso… Mesmo no banco foi expulso pela treta com o quarto árbitro. Confusão que levou à expulsão também de Odair, que enrolou até dar 9 minutos até André perder o pênalti. Ou melhor: Marcelo Lomba defender muito bem.

Everton ainda teria duas boas chances no fim. Mas ninguém merecia ganhar com a bola rolando o 420.

Nos pênaltis, PV foi enorme ao defender o tiro de Camilo, com a mão trocada. Trocando em dois clássicos e em quatro dias a imagem que tinha no Grêmio.

Tardelli fez o dele por baixo de Lomba. Sóbis entrou pra bater pênalti e fez um golaço – acredite. Mostrou a língua pra galera e levou amarelo. Everton isolou. Naquela maldade típica dos pênaltis que castigam ídolos.

Guerrero bateu muito bem. Paulo Victor também foi muito bem. Não defendeu. Mas deu o tom. Matheus Henrique mostrou o tamanho que já tem. Lomba foi bem, mas de novo foi por pouco.

Cuesta é outro que não merecia perder. Mas PV foi bem. Como Lomba no pênalti de outro canhoto como Michel.

Nico López é outro canhoto que não gosto ver batendo pênaltis. Ainda mais por ter sido o melhor do time. Castigo imenso. Mérito maior de PV.

Até André ter a chance de se redimir e fazer o gol do título de um time que, como o Inter, tem mais a jogar.

Só que o Grêmio, agora, muito mais a celebrar.

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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