Treinadores de pessoas, não gestores de sofás
Klopp e Pocchetino nunca imaginaram trabalhar no futebol inglês como treinadores. Não apenas pela excelência da Premier League. Mas porque não sabiam inglês. "Eu trabalho com pessoas. Eu preciso falar a língua delas. Não me via treinando um clube inglês por não dominar o idioma", falou o alemão. Igual pensava o argentino.
Pochettino estudou a língua seis meses antes de assumir o Southampton em 2013. Klopp também aprendeu em menos de seis meses até estrear em outubro de 2014 pelo Liverpool. Ficou menos difícil porque Klopp e a Kop se comunicam facilmente. Ele gosta de clubes com energia e vibração. De casas como Anfield com história e paixão.
This is Klopp. Raiz e fibra. Ele e os Reds, no fundo, sempre falaram a mesma língua.
E ele faz isso em todos os lares onde trabalhou. Quando treinava o Mainz, as portas da sua casa estavam literalmente abertas à vizinhança. No Liverpool, fez questão de decorar os nomes dos 80 funcionários do centro de treinamento. E alinha atletas para que os cumprimentem e também saibam quem faz parte do mesmo time.
Não raro recebe pessoas para trocarem ideias sobre a vida e problemas dela.
Klopp não é só placa de "Home, sweet home" na parede. É prática.
Pochettino também tenta fazer o mesmo. Ambos falam mais de motivação que de tática. Mas operam bem as duas situações. O argentino gosta de trabalhar mais com a paixão pelo jogo que pela vitória. Prefere como treinador ter mais compaixão que autoridade. Dá mais atenção ao lado pessoal que ao profissional "porque o futebol ataca mais o lado pessoal que o profissional do atleta".
Ele sabe o que nem todos os líderes entendem: "não podemos usar as pessoas como se fossem um sofá, uma cadeira, um computador. As pessoas têm emoções e problemas".
O jogo mudou. "Antes eram clubes de futebol. Agora são companhias que visam resultados econômicos". Por isso ele sempre que pode manda seus jogadores para casa. Para ficarem um pouco mais com os deles. Para serem melhores pessoas do que profissionais.
Também por isso Pochettino e Klopp chegaram até Madri. Para tentar o primeiro caneco deles por Tottenham e Liverpool. Porque muitas outras coisas eles já conquistaram. Já ganharam os corações e lugares cativos nos clubes que dirigem há 5 anos (o argentino) e quase 4 temporadas (o alemão). Porque o futebol e como comandar um time, dando a ele o gosto de jogar e se jogar em busca do improvável, parece que os dois nasceram sabendo falar a linguagem universal dos líderes. Não necessariamente dos campeões.
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