As boladas de Michel Platini
Cartaz nas ruas de Paris antes da Euro-2016
Michel Platinj jogava tanta bola na França de 1978, 1982 e 1986, e na Juventus nos anos 1980, que ele quase jogou tanto quanto Zidane. Só pra ver o tamanho dele, 3 vezes Bola de Ouro da France Football como craque europeu.
Fora de campo, teve ótima passagem como treinador da França até 1992.
Mas quando foi para as tribunas ditas de honra, primeiro como presidente do comitê organizador da Copa de 1998, e depois quando assumiu a UEFA, em 2007, o jogou virou. As jogadas foram outras.
Dirigindo a confederação europeia, Platini deu mais pelota aos países sem tanta bola e história. Em novembro de 2010, ele almoçou no palácio do Eliseu com o presidente francês Nikolas Sarkozy e com Tamin Al-Tahani, que em 2013 passaria a ser o emir do Qatar. Um dos fundadores em 2005 da Qatar Investment Authority, o fundo de investimentos estatal do país. Cuja subsidiária QSI, a Qatar Sports Investments, também é dona da Burrda, marca de material esportivo, que logo depois contratou o executivo Laurent Platini, filho do presidente da UEFA.
Normal. Tanto quanto Sarkozy pedir a Platini que desse o voto dele, e, se pudesse, arrumasse o voto de mais gente para a candidatura do Qatar para sediar a Copa de 2022 contra os favoritos EUA.
Faz parte. A França tinha vários interesses comerciais com o Qatar.
Um mês depois do almoço no Eliseu, surpresa! Qatar sede de 2022! Alegria tamanha no país que a Qatar Airlines comprou 50 A320 da Airbus francesa!
Em junho de 2011, sete meses depois do almoço com o presidente francês, o fundo QSI comprou o Paris Saint-Germain, clube do coração de Sarkozy, já bem tratado por Carla Bruni. No mesmo 2011 em que a Fifa depositou 2 milhões de euros na conta de Platini por "consultoria". Foi o que o presidente Sepp Blatter alegou em 2015 quando explodiu o Fifagate. Platini adotou o mesmo papo. Não colou. Até porque desde 2002 o cartola francês só participava das festas da Fifa. E que festões, não mais das gestões.
Resultado. Blatter afastado da Fifa. Platini afastado por 8 anos que viraram 4 – termina o banimento em outubro de 2019.
Mas começa hoje um novo momento para o detido ex-presidente da UEFA. As autoridades querem saber se ele vendeu mesmo o voto a favor do Qatar. Se comprou mais algum dirigente para fazer o mesmo.
(Claro que o princípio pétreo da "presunção da inocência" também vale para Platini. Embora, no futebol, inocentes mesmos somos nós que temos a presunção de achar que são todos inocentes os donos das bolas).
Para o mundo da bola, o que importa é saber se vai ter Copa no Qatar em 2022.
Para a polícia, parece que farão de tudo para que não seja. Ou para que os irresponsáveis sejam pegos com a boca no caneco.
Para o futebol, deve mesmo ser lá.
Já que comprou, é toda sua a Copa.
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