Malcom X Preconceito

Malcom tem um L a menos que Malcolm X. O polêmico ativista norte-americano pelos direitos civis cujo pai foi assassinado pela cor e a mãe mulata era filha de uma negra estuprada por um branco. Malcom tem esse nome por ideia do pai que quis homenagear Malcolm X.

Malcom estreou pelo Zenit de São Petersburgo e foi vaiado ao entrar em campo por muitos torcedores. Tantos tontos que seguem a mesma "filosofia": não querem negros em campo. Não querem africanos no clube. De fato, preferem russos, vizinhos, e alguns povos escandinavos no Zenit. Nada além.

Tudo aquém.

Em 2006, o treinador holandês Dick Advocaat abriu o jogo. Queria reforçar o elenco com atletas negros. Mas sabia que a torcida não deixaria. Não teve coragem. Quando Hulk chegou em 2012, ele teve de também superar o racismo que o clube não ajuda a vencer.

Preconceito que os organizados do Zenit dizem que não é preconceito. Apenas "preservação das tradições". Algo como se a Lei Áurea fosse um desrespeito à história e aos costumes. O apartheid uma Lei divina. Um mundo dividido e de privilégios uma ordem a ser cumprida.

A tíbia reação dos cartolas do Zenit quanto aos atos hostis contra o investimento de 40 milhões de euros, e a sinalização de que eles possam colocar o novo reforço no mercado depois da má recepção de não poucos torcedores do clube, só não é mais deplorável porque era esperado – ainda que negado veementemente depois da repercussão a respeito.

Se Malcom que vale 40 milhões de euros sofre tudo isso nas patas de quem não vale nada, imagine quem não tem mídia contra quem não tem modo pra viver neste mundo.

Não basta dizer não ao racismo. É preciso agir. Não quer misturar as coisas e cores? Não se misture. Jogue sozinho. Tire o time de campo.