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Blog do Mauro Beting

O único esquema que todos dizem conhecer no futebol

Mauro Beting

30/09/2019 09h57

Mais velho do que jogar pra frente no Brasil pentacampeão mundial é dirigente do time líder do campeonato dizer que todos querem derrubá-lo: CBF, STJD, adversários, arbitragem, imprensa, patrocinadores.

Mais velho do que jogar a responsabilidade pros outros são todos os clubes que não são líderes do torneio afirmarem (também sem provas) que está tudo armado para a equipe de melhor campanha ganhar o campeonato.

Mais velhaco que isso tudo são os mesmos de sempre se aproveitarem de erros humanos (mesmo que desumanos) ou interpretações discutíveis de regras idem para comprovar (SIC) suas teses, teorias conspiratórias, delírios terraplanistas, jogadas ensaiadas, armações midiáticas, cliques caçados, diplomas que deveriam ser cassados por torcer e distorcer.

O futebol brasileiro também está longe do que pode ser com tanta gente falando que está tudo armado ou sendo armado.

Se tivéssemos mais armadores em campo e espíritos mais desarmados nas tribunas (ditas) de honra e (ditas) de imprensa teríamos um campeonato ainda melhor.

O BR-19 está bom. Melhor que dos últimos anos. Mas continuará sendo diminuído se seguir sendo dominado pelo embate clubista travestido de debate esportivo.

Também não sabemos mais ganhar em outros campos pelo que nos perdemos em nossas canchas. Onde desperdiçamos a chance de dialogar com monólogos onde se digladia com chancas nas mãos e patas.

Somos todos culpados e irresponsáveis por este estado deplorável de análise. Onde para se defender ou defender uma ideia primeiro se ataca ou se achaca uma reputação e história, e depois se bloqueiam pessoas e pensamentos a torto e sem direito.

Onde qualquer comentário ou ideia estaria escamoteando um interesse inconfessável. Onde qualquer análise tem um viés enviesado e invejado. Onde qualquer coisa é perseguição.

Criamos monstros na cabeça e outros descabeçados no mundo. Desperdiçamos personalidades e nos perdemos em personagens que jogam pra galera arrotando soberba e pensamento único (mais único que pensamento).

Ou começamos a debater o jogo ou seremos jogados à vala comum do vale tudo sem compromisso.

A culpa é toda nossa. Se todos os agentes do futebol acham que tudo está com cartas marcadas e maracutaias mascaradas, vamos tirar os times de campo. Ou então vamos provar que tem mesmo esquema no sistema.

Se ninguém levantar essa bola supostamente enlameada, tudo é cambalacho de quem acha e de quem se acha. Ou chororô mesmo. Mimimi e memês de quem só vê o mundo nessa binária burrice. Reclamações que independem da posição na tabela. Do primeiro ao lanterna se joga às favas e trevas a transparência da competição.

O choro fica ainda mais livre. Para derrotados e até para vencedores. Todos esperneiam preventivamente. E se acusam com dedos tão duros quanto sujos.

Somos todos responsáveis por essas irresponsabilidades.

Todos nós.

Que ninguém se isente. E não chame quem tenta ver os vários lados da coisa e dos casos de "isentão". O mundo está a mírdia que está por falta de equilíbrio.

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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