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Blog do Mauro Beting

Treinador bom tem passaporte diplomático

Mauro Beting

24/10/2019 10h00

O uruguaio Ondino Viera chegou da Argentina onde foi campeão para fazer história no Rio e no Brasil, a partir de 1938. Foi um dos pais do 4-2-4 que faria escola no país e no mundo.

O paraguaio Fleitas Solich chegou ao Brasil para comandar o grande Flamengo tricampeão do Rio, a partir de 1953. El Brujo prestaria grandes serviços até o final da longa carreira, quando o Feiticeiro botou Zico para jogar pelo Rubro-negro.

O húngaro Bela Guttmann veio ao São Paulo em 1957 para ser campeão paulista e ensinar Vicente Feola como montar o 4-2-4 que seria campeão mundial pelo Brasil em 1957.

Filpo Núñez foi o único estrangeiro a dirigir a Seleção, em 1965, depois de montar a Primeira Academia do Palmeiras. O argentino foi o técnico na partida em que o Verdão foi o Brasil contra o Uruguai, no Mineirão.

Quatro exemplos vencedores de treinadores estrangeiros que ajudaram o futebol brasileiro a ser o que é. No Brasil e pelo mundo.

Qualquer reserva de mercado é discutível. Como só quem tem diploma de jornalismo pode ser comentarista futebolístico. Como só quem treina no Brasil pode ser brasileiro.

Ainda mais no mundo de hoje, cada vez menor em quase todos os sentidos, é terraplanismo achar que só gente da terra sabe dirigir um time. A troca de ideias, informações, práticas e teorias é imperiosa. Não imperialista.

Jorge Jesus e o timaço do Flamengo é ótimo exemplo. Jorge Sampaoli e o bonito futebol do limitado elenco do Santos é outro. O que não significa que todo argentino e todo português são soluções.

Menos ainda que todo brasileiro não pode dirigir uma grande equipe. Que todo brasileiro precisa se reciclar.

Todo treinador precisa estar tão antenado e aberto ao mundo celerado e acelerado quanto todo jornalista.

Sem preconceito. Contra quem está dentro e contra quem é de fora.

O sucesso dos Jorges de fora serve para abrir olhos e mentes e capacitar melhor nossos treinadores. Mas não pode ser a "prova" cabal de que é esse o único caminho.

Os extremos estão cada vez mais por fora.

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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