Os meninos e seus pais
O amor que levou mais de milhão às ruas do Rio entre a reconquista da América e a redescoberta do Brasil (pelo português que em se jogando dá) é o mesmo que leva todos os meninos a não só sonharem com essas conquistas que parecem delírios. Mas a pertencerem a essa massa do único jeito possível. Jogando com o manto. Vestindo essa segunda pele. Sendo rubro-negros de alma e de profissão.
Jogando bola. Não é preciso nem jogar tanta bola como Zico, Júnior, Leandro, Tita, Adílio, Andrade, Mozer, Nunes. Todos rubro-negros de 1981-82. O melhor Flamengo que vi. Minto. O melhor time que vi no Brasil. Não é mito. É fato. É Zico. Todos eles com berço no clube.
É necessário jogar como brotaram esses talentos na terra da Gávea. Hoje no Ninho do Urubu.
Meninos que sonharam como Christian, goleiro de seleção Sub-15, e seu reserva catarinense Bernardo. Samuel, lateral-direito, veio da Baixada, de São João de Meriti. Arthur, zagueiro, com nome de Zico que veio do interior do Rio como Leandro, e seu companheiro de retaguarda Pablo, primo de Werley do Vasco. O volante Jorge, mineiro como o cabeça de craque Andrade multicampeão de campo e banco, justo da mesma cidade (Além Paraíba) de onde veio Cantarele, goleiro reserva daquele timaço dos 70-80. Rykelmo também é volante. O nome inspirado no craque argentino Riquelme. Os atacantes Vítor, catarinense como o Lico de 1981, e Athila, sergipano como Nunes, o João Danado do Japão de 1981, goleador da mesma escolinha do torcedor rubro-negro Diego Costa, em Lagarto. Gedson é outro bom atacante. Natural de Itararé. Cidade famosa pela batalha que não houve na Revolução de 1930. Aquela que se esperava muito. E não aconteceu.
Como os sonhos deles todos perdidos em fevereiro no Ninho que é tanto referência como tristeza. Tanto investimento como despreparo. Tanto acaso quanto descaso.
O Flamengo de 2019 ganhou tudo em campo. Merecidamente. Dando show e dando aula.
O Flamengo precisa desde 2019 dar mais do que amparo aos pais que não puderam ver seus filhos com o manto. Que não podem mais ver seus filhos.
Os prêmios pelas conquistas também precisam ser dados às famílias que perderam tudo.
Não tem preço. Tem valor. Não é na Justiça. É pelo justo que não se mede.
Não sei quanto deve ser destinado a quem perdeu até o destino. Mas algo a mais o Flamengo precisa dar.
Nem precisa falar. Só fazer.
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