13 de outubro de 1977. Foi, Corinthians
Há 40 anos. Corinthians x Ponte Preta. Direto do túnel do tempo.
Clima de nostalgia no ar. Quarenta anos depois, Corinthians e Ponte Preta reeditam uma das finais mais marcantes e polêmicas da história. O Timão vivia um jejum de 22 anos sem conquistas. Não conquistava um título desde 1954. A fiel torcida se identificava demais com aqueles jogadores. Eram onze guerreiros. No melhor estilo Corinthians.
Do lado da Macaca, um time extremamente técnico. Possivelmente o melhor da história do clube. Craques como Dicá, Oscar e Carlos. Ótimos jogadores como Polozzi, Lúcio e Marco Aurélio.
Tinha tudo para ser uma grande final. E foi. Duas polêmicas deram o tom e o clima. Primeiro a Federação Paulista obrigou a Ponte a jogar todas as partidas decisivas no Morumbi, impedindo-a de atuar no Moisés Lucarelli. Depois, a especulação em torno da expulsão infantil do centroavante Rui Rei, na terceira partida decisiva. Cinco meses depois , ele estrearia pelo Corinthians, onde jogaria até 1981.
Embarque nessa viagem conosco. Sente, aperte os cintos, relaxe. E deixe o texto te levar de volta a 1977.
História do campeonato.
O primeiro turno foi conquistado pelo surpreendente Botafogo-, que contava com o Doutor Sócrates, em cima do São Paulo. No segundo turno, o Corinthians foi o campeão ao derrotar o Palmeiras. No terceiro turno, Timão e Ponte Preta venceram seus grupos, e se garantiram na decisão.
-A decisão.
Na primeira partida, vitória corintiana por 1x p, gol de Palhinha, de rosto, depois de um chutão do goleiro Carlos. No segundo jogo, vitória da Macaca, de virada, por 2 x 1, gols de Vaguinho, Dicá e Rui Rei. Partida com o maior público da história paulista. Mais de 136 mil abarrotaram o Morumbi.
Com isso, foi necessário um terceiro jogo.
A ficha da final
Local Morumbi Data 13-10-77 Público 86.777 Renda cr$3.325.470,00
Árbitro Dulcídio Wanderley Boschillia
Cartões amarelos Angelo e Basílio
Cartão Vermelho Rui Rei, Oscar e Geraldão
Gol Basílio aos 36 minutos do 2 tempo
Corinthians: Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir, Russo, Basílio e Luciano; Vaguinho, Geraldão e Romeu. Técnico Osvaldo Brandão
Ponte Preta: Carlos; Jair, Oscar, Polozi e Angelo; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei e Tuta (Parraga). Técnico Zé Duarte
O JOGO
-Começa a partida. Ponte da a saída e ataca para esquerda das cabines de tv.
-3 Minutos. Luciano recebe de Wladimir e avança, quase da intermediária, ele solta uma bomba, que Carlos não consegue desviar. A bola explode na trave esquerda do goleiro. A bola sobra para Geraldão que chuta e Oscar desvia a escanteio. Na sequencia do lance, o centroavante corintiano cabeceia para fora.
-8 minutos, Depois de um chutão do goleiro Tobias, Geraldão ganha a bola na ponta direita e cruza para a área, ela sobra para Vaguinho que só ajeita para Basílio chutar rasteiro para boa defesa de Carlos, que espalma a escanetio. O Timão era melhor no começo da partida…
-A Macaca parecia que queria fazer passar o tempo, e apostar num nervosimo do Timão. Além da lentidão, a Ponte pecava também em sair praticamente só na ligação direta, apesar de ter ótimos jogadores em seu meio de campo, como Dicá e Marco Aurélio.
-16 minutos. Rui Rei leva a bola com a mão, simula uma falta, reclama e xinga o juiz acintosamente e é expulso pelo árbitro. Até hoje existem suspeitas (não comprovadas) de que ele teria sido subornado, já que cinco meses depois da decisão, ele estreou como reforço corintiano. A expulsão é ainda mais injustificável por ser início de jogo, e pelo perfil do árbitro, que não tolerava atos como aquele. Rui Rei sempre se defendeu da indefensável atitude e da posterior venda ao Corinthians dizendo que "nenhum clube seria burro de comprar um jogador que se vende".
-A Ponte recuou ainda mais, e a partida ficou muito truncada, nada mais acontecia de perigoso já que nenhuma das equipes conseguia criar nada.
-39 minutos, finalmente uma chance de gol. E para variar, do Timão. Numa das pouquíssimas jogadas que fez pela ponta direita, Vaguinho cruzou e Geraldão quase marca um golaço, de bicicleta. Mais uma vez Carlos salva o time campineiro e espalma a bola.
-50 minutos. Dulcídio apita o fim do primeiro tempo.
-Análise do 1 tempo. O Timão foi muito mais perigoso, mas pecou por jogar demais pelo meio, não usando as pontas(sim amigos, naquela época ainda haviam pontas no nosso futebol), afunilando o jogo e facilitando a marcação. Mesmo assim, perdeu pelo menos 3 boas oportunidades de abrir o marcador. O mais curioso é que após ficar com um homem a mais, o Timão praticamente não criou.
-Placar moral do 1 tempo Corinthians 2 x 0 Ponte Preta.
-Começa a segunda etapa, com a saída dada pelo time da capital.
-A partida recomeça com o Corinthians forçando mais as jogadas pelas pontas, com Vaguinho pela direita e Romeu pela esquerda. Porém, nenhum deles consegue superar a marcação campineira e nada de perigoso acontece.
-16 minutos. Russo enfia bola para Zé Maria, que divide com Carlos, a bola espirra e sobra para Vaguinho que cruza, Romeu tenta de cabeça, a bola bate na defesa e volta para o próprio Romeu, que chuta, seu arremate iria para o gol, mas a bate em seu companheiro de equipe Luciano e a Ponte se salva mais uma vez.
-O nervosismo já tomava conta da Fiel, afinal o time tinha um jogador a mais e não conseguia marcar o gol que iria acabar com o jejum de 22 anos sem título. Méritos da marcação da Ponte e da brilhante atuação da sua defesa, especialmente de Oscar e Carlos.
-36 minutos.GOL!!! Falta na ponta direita que Zé Maria cobra, Basílio desvia a bola de cabeça, Vaguinho chuta no travessão, na sobra, Wladimir cabeceia e Oscar salva sobre a linha e finalmente a pelota sobra para Basílio que chuta para marcar o gol do alívio da fiel. Era o gol do campeonato.
-40 minutos. Oscar e Geraldão são expulsos e começa uma confusão, com os jogadores campineiros tentando agredir o avante corintiano.
-50 minutos.FIM DE JOGO. Fim de jejum. Corinthians campeão depois de 22 anos de fila.
-Análise do 2 tempo. Mais uma vez o domínio foi do Timão. Teve mais a posse de bola, apesar de, na maioria das vezes, de forma improdutiva. Mas foi o time que mais procurou a vitória e mereceu o triunfo.
-Placar moral do 2 tempo. Corinthians 1×0 Ponte Preta
-Placar moral da partida. Corinthians 3×0 Ponte Preta
-Notas dos jogadores
-Tobias- Foi um mero espectador da partida, não fez uma defesa sequer. Nota 6,0
Zé Maria- Como não tinha que se preocupar com a marcação de Tuta (irmão dele), tentou apoiar o tempo todo. Foi dele a cobrança de falta que resultou no gol.Nota 7,0
Moisés- Também só assistiu ao jogo. Nota 6,0
Ademir- A mesma atuação do seu companheiro de zaga. Nota 6,0
Wladimir- Apoiou menos do que Zé Maria, mas teve o mérito de também participar do lance do gol. Nota 7,0
-Russo- Ficou meio perdido, sem ter a quem marcar. Nota 6,0
-Luciano- Se movimentou bem e arriscou chutes de longe, mas afunilou demais o jogo. Nota 6,5
-Basílio- Foi o herói do título. Precisa mais? Nota 10,0
-Vaguinho. Melhorou no 2 tempo, quando jogou mais aberto. Mas não fez uma boa partida. Nota 6,0
-Geraldão- Apesar de enrolado, brigou sempre e foi o jogador mais perigoso do Corinthians, até ser expulso. Nota 6,5
-Romeu- Também embolou muito pelo meio. Nota 6,0
Ponte Preta
-Carlos. Pelo menos 4 grandes defesas, evitando assim uma derrota maior. Nota 8,0
-Jair. Burocrático, não apoiou e não marcou. Nota 5,5
-Oscar. Outro destaque do time, ganhou praticamente todas as jogadas. Foi expulso no final do jogo. Nota 7,5
-Polozi- Um pouco menos eficiente do que seu companheiro de zaga, mas também foi bem. Nota 7,0
Angelo- Nada fez de útil, além de meter a mão na bola que originou o gol de Basílio. O titular Odirlei fez muita falta na lateral. Nota 5,0
-Vanderlei. Mais reclamou da arbitragem do que jogou. Nota 5,5
–
-Marco Aurélio. Correu, tentou, mas não estava num bom dia. Nota 6,0
-Dicá. Apesar de ser muito bom jogador, se omitiu e não buscou participar da partida. Nota 6,0
-Lúcio. Do ataque, foi o único que tentou alguma coisa, mas sozinho, nada conseguiu. Nota 6,5
-Rui Rei. Foi expulso com 16 minutos e comprometeu a equipe. Nota 0,0
-Tuta. Outro que ficou perdido e pouco fez. Nota 5,0 foi substituído por
-Parraga. Que também nada acrescentou ao time. Nota 5,5
ESCREVEU GUSTAVO ROMAN
(Em breve escrevo mais a respeito da decisão de 1977).
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