Topo

Blog do Mauro Beting

São Paulo campeão mundial em 1992. A mudança de patamar do futebol brasileiro.

Mauro Beting

13/12/2017 13h12

Até a falta que nunca dera certo em seis meses de treino entrar no ângulo do Zubizarreta do Dream Team do Barcelona de Cruyff, em 1992, o futebol brasileiro não ganhava um Mundial desde o Grêmio de Renato, em 1983. Nem a América conquistava. E com campeões continentais virgens como Argentinos Juniors, Nacional de Medellín, Colo-Colo…

Até o empate anterior de púbis de Raí contra o Barcelona em lindo lance de Muller, em Tóquio, o futebol brasileiro parecia que desaprendera a ser brasileiro e ser futebol. Nada dava certo. Nada parecia certo. E ainda mais com o Telê Santana "pé-frio" para os pais da imprensa imediatista de hoje.

Quando Stoichkov abriu o placar que seria justamente 2 a 1 para o São Paulo contra o enorme Barcelona campeão da Europa pela primeira vez, todo o esforço empreendido pelo São Paulo desde o BR-91 não parecia em vão. Porque aquele time jogava e muitas vezes encantava. Merecera a conquista da Libertadores-92 contra o Newell's. Mereceria o bicampeonato paulista no retorno triunfal do Japão.

E faria ainda mais história com o golaço de falta da virada de Raí na ajeitada de Cafu. Lance que só Telê queria ver. Jogada que todo tricolor sabe que é a maior da história do SPFC. Mais do que o gol sem querer de calcanhar de Muller contra o Milan em 1993. O de Mineiro em 2005 ou a defesa da falta de Gerard no jogo do tri contra o Liverpool. Os pênaltis defendidos por Zetti na Liberta de 1992 ou os milagres dele em 1993. Qualquer um dos quatro gols contra o Furacão em 2005. Os pênaltis fora contra o Galo em 1977. O gol de Careca para levar para os pênaltis em 1986 contra o Guarani. O de Tilico na primeira final de 1991 contra o Bragantino. Mesmo a emoção do tri nacional sem decisões.

Nenhum gol na história tricolor é maior que o de falta de Raí. E, hoje, quanta falta ele faz em campo ainda que de volta ao clube. E, sempre, quanta falta faz no Morumbi, no CCT e no Brasil o mestre Telê.

O que deu os maiores títulos entre tantos ao São Paulo. O que resgatou a estima do futebol brasileiro em 1992-93. Não por acaso projetando e dando à seleção do tetra nomes como Raí, Cafu, Leonardo, Muller, Zetti, Ronaldão. Ao futebol vencedores campeoníssimos em 1991-93 como Antônio Carlos, Válber, Vítor, André Luiz, Ronaldo Luís, Pintado, Doriva, Dinho, Goiano, Palhinha, Macedo, Elivelton.

Resgatando um campeão do mundo como Cerezo em 1993. Um que deveria ter ganhado a Copa de 1982 com o Brasil que conquistou o mundo na Espanha. Um que já vovô voltou do Japão bicampeão contra o Milan, em 1993.

Mas tudo começou mesmo em 1992. Há 25 anos. O maior gol e ainda a maior conquista da história do São Paulo. Contra o maior time que já enfrentou em Mundiais. Justamente a equipe que ele melhor encarou e jogou.

Faz 25 anos e parece que foi ontem.

Faz 25 anos e tudo que aconteceu de bom desde então no Morumbi e em muitos momentos de todo o futebol brasileiro passa pelo trabalho de Telê, Moraci Santana, Valdir de Morais, Altair Ramos, Turibio Leite, doutor Rosan, Mesquita Pimenta, Fernando Casal de Rey, Kalef João Francisco.

Um São Paulo do tamanho do São Paulo. Sem precisar se dizer maior que o universo para o mundo como tem se perdido. Apenas sendo o que o mundo conheceu e ainda reconhece. Por mais que esteja vivendo anos irreconhecíveis.

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

Blog do Mauro Beting