Para quem é torcedor de clube
Resolvi voltar ao tema por conta de um comentário estúpido no Twitter de quem ainda acha que futebol é vitória.
Reproduzo o meu texto de Facebook de 11 de fevereiro de 2017. Quando eu e meu caçula fomos receber numa madrugada de sábado a nova contratação bombástica do Palmeiras. A que deu chabu. Borja. A que quase todos os torcedores de outros clubes também queriam então.
O texto segue abaixo. E não tiro uma palavra dele. Também porque foi o único momento desde fevereiro de 2015 em que eu e meu filho pudemos celebrar juntos, na mesma hora, alguma emoção verde. Eu sempre estou na cabine nos jogos do nosso time. Ir com ele berrar palavras de ordem e incentivo ao novo contratado era como ir a um Palmeiras x Capivariano como aquele de 2015.
O texto:
Eu acordei 5h32 da manhã de um raríssimo sábado de folga depois de ir dormir 1h40 (por ter assistido aos piores tons de cinza que o cinema nos pode mostrar). Acordei meu filho caçula pai da ideia e fomos até Cumbica. 51 minutos de viagem. 51. Bela ideia.
Chegamos quando o bicho estava pegando no aeroporco. O Borja veio ali. Os torcedores há dois meses campeões do Brasil (os mais vezes carentes não são) levantavam nos ombros que há dois anos sofriam com quase uma nova queda o novo entre tantos ídolos. O Borja que há incertos sete meses eles não tinham a menor ideia quem era. Ele saía do Cortuluá (é assim que se escreve?) para escrever impressionante história com o Nacional continental.
É tudo muito rápido. Foi tudo muito agitado na madrugada de Cumbica. Eu e meu caçula pudemos pular e gritar por Borja como eu nunca tinha feito na chegada de um cara que eu também não sabia quem era. E espero saber em 2017 muito mais com ele e o belo time ao redor dele, e a belíssima torcida em volta.
Como o meu amigo Chico Vaselucci. Meu e da minha mulher há décadas. Como tantos amigos que só têm em comum as mesmas cores e credo. Não é só desocupado, vagabundo, violento, bandido, banido que vai fazer festa na chegada de um reforço de um clube de futebol. É gente como a gente. Até gente que se pudesse comeria gente com outras cores. Esses tipos e arquétipos do apocalipse. Mas a maioria em Cumbica, na Caraíbas, caracas, é gente que ama sem saber o porquê. Ama sabendo quem é Palmeiras mesmo que a gente não saiba com que pé chuta o Borja. Gente que se borra só por ser torcedora. Nossa ou deles.
O que foi feito com Borja é o que o rubro-negro fez com Conca e Diego. O tricolor fez na volta de Lugano. O torcedor do Sport fez quando André voltou. O que todo torcedor precisa fazer para o futebol voltar cada vez mais às nossas vidas. Não é só no estádio ou na poltrona o consumo desse fogo que nos consome.
É onde for. E vamos onde for por isso.
Como em 9 de dezembro de 1979 eu e milhares de palmeirenses fechamos Congonhas e a Rubem Berta para receber o Palmeiras que eliminara o Flamengo de Zico no Brasileiro. Nem semifinal era. E jamais esqueci. Como meu Gabriel vai lembrar para sempre o sono perdido para ver um sonho que é real. E mesmo se for apenas um delírio, é para isso que serve o futebol.
Não teorize. E nem conte vantagem ou títulos. Conte apenas para seus netos que você foi ver com centenas de pessoas a chegada de um cara que você ama só por ele ter escolhido ser nosso e não ficar mais rico na China.
Isso também não tem preço.
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