Cordeirinhos, não canarinhos. Brasil 1 x 1 Suíça
O Brasil decepcionou – porque eu esperava muito mais. Mas não jogou mal – a ponto de Tite ser obrigado a mexer na equipe que ele não deverá modificar contra a Costa Rica. E não deve mesmo
Foram 12 chances contra apenas uma da Suíça – justo a que empatou o jogo injustamente na falta em Miranda de Zuber, que subiu sozinho no meio de sete brasileiros, inclusive Alisson que nada poderia fazer e nem sair da meta numa bola que era do zagueiro. E era mesmo, não fosse a falta que não vi de primeira, mas era fácil de ser vista e revista pelo VAR que se calou tanto quanto os brasileiros que tanto reclamam por nada em campo.
(E, quando tinham todos os motivos da Copa do Mundo para chiar, eles se calaram como cordeirinhos. Não como canarinhos. E nem precisava ser o pistola.
Assim como a Alemanha criou muito contra o México (17 oportunidades) e nenhuma aproveitou, o Brasil também teve mais chances como a Suíça – 12 x 1 (quatro delas a partir dos 42 finais). Assim como os atuais campeões, não há como não dizer que o time de Tite decepcionou. Deveu futebol, sim. Desempenhou menos, sim.
(Daí a plantar crise, implementar cizânia, ou mudar tudo é outra história. Não se deve e não se pode).
A Seleção teve de superar o pressing inicial dos suíços lá no campo de defesa e soube se sair com qualidade e inteligência para o jogo. Só criou a primeira chance aos 10, quando Paulinho pegou mal uma bola de canhota – e depois mal pegaria na pelota em sua pior partida desde que voltou com Tite.
Não era jogo fácil pelos méritos defensivos do bem armado 4-2-3-1 suíço quando Coutinho acertou aqueles chutes que Coutinho acertava no Liverpool e vai acertar no Barcelona. Golaço, aos 19. Gol que serviu para o Brasil cadenciar até demais o jogo, e criar apenas mais duas chances até o final do primeiro tempo. Mas sem conceder oportunidade alguma ao time suíço. Mérito de marcação bem encaixada no 4-1-4-1 de Tite, tanto para armar quanto pra fechar espaços.
Na volta para o segundo tempo, com 4 minutos a Suíça chegou ao empate no lance que o Brasil não costuma falhar. E não errou pela falta não marcada. Faltou o grupo fechar em volta do árbitro como normalmente abusam os brasileiros – não desta vez. Talvez o excesso de bom-mocismo pregado (e nunca será excesso fazer o certo e o bem) tenha atrapalhado a Seleção, como a equilibrada reação de Miranda (o mais provável capitão) ajudou a arbitragem a errar contra o Brasil.
(E que ninguém atire o primeiro apito. Se tem uma Seleção que não pode reclamar de arbitragem em Copas é a brasileira).
Demorou para o Brasil se reencontrar depois. Neymar apanhou demais (9 infrações), mas ao menos não reclamou como costuma. O problema é que a Seleção não teve a mesma fluência. Casemiro era o melhor em campo quando teve de ser sacrificado pelo amarelo. Fernandinho entrou e não acrescentou à frente (mas seguiu sem deixar o rival chegar na meta de Alisson). Aos 22 Paulinho saiu para Renato Augusto tentar armar o que também não conseguiu. Coutinho perdeu espaço e Neymar, mesmo pedindo jogo, não se acertou. Como Gabriel Jesus estava mal até ser tardiamente substituído por Firmino, que entrou aos 33 e criou pelo menos duas boas chances, na blitz final brasileira.
Não foi boa partida. Mas está longe de ter sido uma atuação ruim.
É placar preocupante em termos de tabela. Mas não de desempenho.
Fica o alerta. O Brasil não está garantido. Fora Neymar (que não se tira, e precisa de mais minutos), também não se garante ninguém em absoluto. Pode se discutir quase todo mundo. Só não se pode cornetar todo o Brasil pelo erro de arbitragem.
BOTA-TEIMA – Aos 28 do segundo tempo, eu não marcaria puxão em Gabriel Jesus dentro da área. Lance discutível – que normalmente se marca no Brasil.
Veja a análise do jogo de Gustavo Roman
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