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Blog do Mauro Beting

Manifestações políticas sempre; eleitorais, em campo, jamais

Mauro Beting

05/11/2018 13h13

Reiterando o já exposto antes mesmo de Felipe Melo fazer proselitismo ELEITORAL (que é diferente do POLÍTICO, por ser feito DURANTE uma campanha que pode induzir o voto): você pode votar em quem quiser. Só não pode fazer campanha eleitoral no ambiente de trabalho. Líder religioso não pode fazer na pregação, professor induzir aluno a votar em candidato, eu fazer apologia na TV pra partido, jogador com a camisa do clube fazer campanha eleitoral. 

Mas pode um clube fazer campanha pelo voto no país então sob regime militar e pela DEMOCRACIA como a do Corinthians, em 1982. Pode desejar recuperação de um câncer a um ex-presidente do país e conselheiro do clube – sem ser em eleição – como fez o Corinthians com Lula, em 2011. 

Pode Felipe Melo dedicar um gol pelo seu clube, ainda no gramado, a um amigo esfaqueado se recuperando no hospital. Pode falar o nome de Jair Bolsonaro. Só não pode explicitar o que ele falou ("futuro presidente") na TV. E só não é "legal" por ser durante a campanha eleitoral. Agora, se quiser, FM pode dedicar o título possível e provável a ele, amigo e palmeirense também. Já foi a eleição. Ele já é o presidente. 

Como sempre pôde Lucas Moura na rede social declarar apoio ao 17. Ronaldinho Gaúcho na rede dele (como muito bem pôde o Barcelona não gostar da postagem dele e a de Rivaldo, também). São Marcos também pode se manifestar por Jair Bolsonaro. Como outros podem pedir Lula Livre. Ou Cabo Daciolo no monte. Ou o dono da Havan na live e na loja dele. Adnet em Brasília por imitar o melhor e o pior dos candidatos. 

Agora que já foi a eleição, pode Diego Souza bater continência para o capitão eleito presidente ao lado do general vice ao celebrar gol do São Paulo (embora a regra do jogo proíba). Pode até fazer a arminha com as mãos do Bolsonaro. Pode até fazer o "acelera" do novo vizinho de Morumbi – Doria. Qualquer manifestação política se aceita. Política é isso. 

Diego Souza pode agora se manifestar mais "livremente" porque toda manifestação política é válida desde que se arque com as consequências. E, no caso, diferente do que ocorreu com Felipe Melo na entrevista pós-jogo, NÃO É MAIS PERÍODO ELEITORAL. NÃO INFLUENCIA MAIS O VOTO DE NINGUÉM. 

Ainda assim o São Paulo pode chamar a atenção do atleta e afirmar que o clube é para todos e apartidário. 

E o futebol inteiro pode chamar a atenção de Diego Souza e lembrar que o São Paulo jogava de luto pelo assassinato do colega de ofício e ex-atleta Daniel. 

Brincar de arminha não pega bem. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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