Todas as casas corintianas
"O Corinthians sempre jogou em casa. Porque onde o Corinthians joga ele tá sempre em casa. A torcida apoia em qualquer lugar".
Creio que foi um torcedor comum (embora corintiano não seja um torcedor comum) como Carlos Munhoz quem falou a frase acima antes dos créditos iniciais de "A HISTÓRIA DE UM SONHO – TODAS AS CASAS DO TIMÃO", documentário da Canal Azul assinado por Ricardo Aidar e Marcela Coelho, e montado por Fernando Teshainer.
Sou suspeito para falar dos realizadores que são mais amigos do que colegas de filmes. Mas sou insuspeito para falar das casas onde o Corinthians fez história.
E que história.
Desde a Ponte Grande a Itaquera, cuja trajetória é contada desde o início da construção, em 30 de maio de 2011, da abertura (sem esconder a derrota inicial) até os títulos ali conquistados até 2017.
A obra não fala das mais do que discutíveis injunções políticas, administrativas e financeiras da Arena Corinthians por ser filme oficial. Não cita o acidente nas obras. Mas não é chapa-branca. Tem espírito alvinegro. Até pra se zoar. E ainda conseguir manter o respeito devido quando fala dos rivais e de suas casas.
Brinca com o museu de maquetes de estádios do clube (e não só dele…) desde quando o Corinthians ganhou dos governos militares em 1978 a área de Itaquera. Fala do armador da ideia Vicente Matheus, mostra com equilíbrio um dos pais da criança Andrés Sánchez, não fala de Lula, Odebrecht e PT, cita a Copa de 2014, resgata Mário Gobbi no processo todo, não fala de Alberto Dualib nas tentativas frustadas com antigos parceiros, mal mostra Roberto de Andrade.
Mas faz retrato fiel da obra. Não tão fiel como torcedor como talvez queiram os mais talibãs alvinegros. Mas fiel a muitos dos fatos como pede um documentário.
Claro que tem uma e outra troça. Mas nada para ter um treco. Consegue fazer festa sem desrespeitar os adversários. Mérito inegável da direção que não se desgoverna pela paixão.
A construção do roteiro claro que passa bonito pelo Pacaembu que foi mais do corintiano na arquibancada do que do Timão em campo e no papel. Pelo Morumbi onde foi mais feliz o alvinegro do que qualquer outro. Pelo antigo Parque Antárctica antes de ser (d)o Palestra Italia.
Vila Belmiro do Rei Pelé e dos golaços irreais de Marcelinho Carioca em 1996 e Ronaldo em 2009 e Emerson Sheik em 2012. Maracanã invadido em 1976 e do mundo conquistado em 2000.
Thomaz Rafael, brilhante colega da Transamérica, um dos melhores entrevistados do filme, lembra bem que o Corinthians se fez ainda maior em conquistas fora de casa. Justo o Timão que até 1990 tinha dificuldade para superar os muros do Parque São Jorge tão bem retratados no documentário. Como a conquista da América em 2012 e toda a saga e sanha até chegar lá.
As derrotas também se mostram. Porque isso é tanto roteiro de cinema como de Corinthians. É rigor histórico e estóico. Como registrar que o Corinthians quase sempre teve estádio em 109 anos de clube. Mas só a partir de 2014 teve um quase do tamanho de tanta paixão que não tem mesmo cabimento. Como muitos dos estádios maiores e/ou melhores dos seus adversários.
"Rapaz… Passa um filme, né", se emocionou Ronaldo Giovanelli no jogo de Masters que inaugurou a Arena com gol de Rivellino – justamente homenageado por todos como maior craque da história do clube , mesmo sem grande título conquistado.
Cavalinho Ronaldo, respeitosamente, passou um baita de um filme que conta essa história.
Quem não é Corinthians não preciso nem fazer o convite para ver o que que não será mesmo visto.
Quem gosta de futebol, história, estádio e torcida, aprecie com a moderação dos produtores mesmo de um filme para quem se sentiu em casa.
Quem é Corinthians, invada os cinemas como se fosse o Rio de Janeiro em 1976 ou o Japão em 2012, no caminho retratado no aeroporto tão emocionante como foi a Via Dutra na semifinal do BR-76.
Vai, corintiano. Ao cinema a partir do dia 6 de junho, na rede Cinemark, pelo Projeta às 7.
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