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Esporadas, porradas, provocações: o que pode no futebol?

Mauro Beting

21/03/2016 08h29

Mancini bateu bonito de fora da área e fez  2 a 1 Villa Nova, no Mineirão, aos 28 do segundo tempo. O ótimo veterano revelado pelo Galo celebrou assim o gol:

 

Mancini celebra gol dando esporadas atleticanas. FOTO: REPRODUÇÃO PREMIERE FC

Antes já tinha batido um escanteio em frente à torcida do Cruzeiro desse jeito:

 

Mancini faz com os dedos a maior goleada do clássico. FOTO: SUPERESPORTE

Alusão aos 9 X 2 para o Atlético contra o Cruzeiro, em 1927. Como quase sempre respondem cruzeirenses com o 6 a 1 salvador de 2011.
Os jogadores do Cruzeiro não viram o sinal no escanteio. Mas não teve viva alma celeste que não quisesse o que o time conquistou aos 44 minutos. A virada. Não contra o bravo time de Nova Lima. Mas contra a equipe do ex que ainda têm alma atleticana.
Na celebração do terceiro gol, o preparador de goleiros do Cruzeiro foi pra cima de Mancini que não deixou barato. Foram expulsos. De fato, sairia Deivid. Mas o próprio Mancini corrigiu o árbitro que se confundira com quem brigara. A treta não era com ele. Como o Villa Nova também não tinha nada a ver com a bronca ou a broma de Mancini.

Gosto muito dele. Como adoro Viola.
Mas não pode achar que é do jogo e que tira a graça do espetáculo coibir celebrações assim.

Sim. O futebol e a vida estão muito chatos. Ranzinzas. Politicamente corretos demais.

Mas é esportivamente incorreto cutucar o rival e sua torcida. O Cruzeiro também foi buscar o 3 a 2 para responder a celebração de Mancini. Ele até pode ter ouvidos muitas e péssimas durante o jogo. Mas o profissional sabe que isso está no holerite dele.

Como o Palmeiras fez 4 a 0 em 1993 no time do Viola que imitara um porco ao celebrar o gol da vitória corintiana no jogo de ida da final do Paulista. 1993 entre 11 palmeirenses em campo citam a provocação como combustível para o troco.

Além de desnecessária, esse tipinho provocação desencadeia uma reação que muitas vezes dá certo em campo para o rival. Pior: muito incerto fora dele em dias de intolerância e impaciência.

Não quero tirar a graça do espetáculo e nem o humor do boteco, da escola e do trampo no dia seguinte. Mas apenas dar responsabilidade a quem é pago para ganhar. Não necessariamente fazer o outro perder. E os fãs junto.

Uma tirada de sarro tira do sério o torcedor. Ainda mais o violento. Tirou do sério o preparador de goleiros do rival. Teve cartão vermelho pros dois. Poderia ter coisa ainda pior.

Paz aos homens de boa vontade. E, não havendo tanta boa vontade em todos os campos, melhor botar uma pá de cal nesse tipo de celebração.

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Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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