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Rosário, reza, oração, fé: um ponta de esperança

Mauro Beting

06/04/2016 13h41

 

Euller, o ponta de esperança, sobe mais que a zaga rubro-negra e marca o quarto gol nas quartas-de-final da Copa do Brasil de 199, no Palestra Italia. FOTO: REPRODUÇÃO BAND (YOUTUBE)

 

 

Eu achava que tinha de poupar o time do Palmeiras naquela sexta-feira no Palestra para o que de fato importava: a partida de volta da semifinal da Libertadores de 1999, na outra quarta-feira, contra o River Plate, em casa.

 

 

Ainda mais quando o Flamengo fez 1 a 0 com 50 segundos, com Rodrigo Mendes (primeiro gol de pé direito da carreira dele). Ainda mais quando fez 2 a 1, aos 13 do segundo, em outro golaço dele. O empate na sequência com Júnior minimizava a derrota. Mas ser eliminado nas quartas-de-final da Copa do Brasil não era o fim do mundo. Poderia ser a conquista da América. O elenco se dividia em três torneios. Estava esgarçado. Era o 41º jogo no ano!!! Em maio!!!

 

Mas ainda era possível. É Palmeiras.

 

Mas precisava dois gols. Por isso Felipão escalou o time nos últimos 17 minutos com o armador Zinho na cabeça da área, Evair e Alex armando. Paulo Nunes e Euller nas pontas, Oséas de centroavante.

 

O Palmeiras mandou num só lance duas bolas na trave. Eram quatro até então no jogo! Até que aos 41 minutos, uma ponta de esperança. Euller desempatou.

 

Ainda faltava um gol. Mas não faltava espírito de porco, estado de Palmeiras e estádio Palestra Italia. Ali eu nunca senti nada igual. Pela TV eu me vi lá dentro da área. Ali começaria 91 segundos depois não a virada histórica. Mas a conquista da América.

 

Poupemos os detalhes sem preço. Veja a foto. Oremos por Euller. Filho do vento. Pai da vitória. Um ponta de esperança. Rápido que é, Euller tem impulsão. Mas não tinha aqueles quilômetros de altura para subir como ele se ergueu acima da muralha rubro-negra. Algo sobrenatural o levantou. Algo que era natural para aquele time. Era o Alviverde inteiro o erguendo nos ombros, homens, mulheres. Todos crianças chorando de emoção quando aquela bola entrou. Todos chorando como o meu Luca acordado do baixo dos sete meses com o pai urrando e o pegando no colo e do berço só pra dizer para ele beijando a testa.

 

– Chora agora como o seu pai. Um dia você vai me agradecer.

 

O dia entre tantos de alegria será hoje. Em Rosário. Eles têm mais time. Na casa deles. Já deveriam ter vencido no Alianz Parque. E de goleada. Mas perderam. Fizemos dois gols tipo Euller-99. Ninguém imaginava. Ninguém previa. E lembre que depois do quarto gol em 1999, o Flamengo ainda mandou uma bola na trave do Marcos e perdeu mais duas chances até o final!

 

Vai que hoje na Argentina aquele lindo estádio de espírito palestino combinado com a alma do periquito dá liga. Não tem Dudu. Ainda não tem um time confiável. Mas já foi Palmeiras de novo contra o Corinthians. Já vai ser Palmeiras em breve. Quem sabe não vira o jogo hoje em Rosário. Por definição, não custa orar. Por Verdão, é de graça a paixão.

 

A esperança é a única que move. A gente teve um ponta de esperança em Euller. Hoje a gente verde tem um porteiro da confiança em Prass. Oremos. Torçamos. Amamos.

 

Ainda falta muita coisa em 2016. Mas não faltava nada e fizemos tudo depois daqueles 4 a 2 em 1999.

 

Não acredito na vitória desse time. Mas creio nesse clube que é Palmeiras. Simples como Euller mais Euller foi quatro em 1999.

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Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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