Poucas semanas antes de Célio Silva quase descobrir o pré-sal no pênalti vitorioso da Copa do Brasil colorada, em 1992, nascia em Novo Hamburgo Alisson Ramsés. O irmão mais novo de Muriel. 

Sete anos depois ele chegava ainda guri para ficar debaixo das goleiras do clube. Em 2014 assumiu a titularidade da meta do Inter do coração em substituição a Dida. Goleiro que já era campeão mundial sub-20 antes de Alisson ficar em pé, em 1993. 

Desde 2000 ele treina no clube que defende há 16 anos. Desde antes acompanhava os treinos do irmão mais velho com os pais. Com a mãe que hoje viu o filho menor (ou menos velho, digamos) garantir a meta vermelha. Pelo alto, com três gols de cabeça, o Inter foi além do 1 a 0 contra o Juventude, no Jaconi. Ganhou de novo no Beira-Rio. Ganhou de novo o Gauchão. Como em 2015. 14. 13. 12. 11. 

Hexacampeão estadual. Duas vezes com Alisson na mesma goleira onde, no final da festa do título, ele e Muriel ficaram ali por mais de meia hora. Até as câmeras pegarem aquela cena familiar de Dia das Mães. Da mais feliz mãe colorada. Campeã de novo. Com dois filhos a literalmente defender a retaguarda do Inter. 

Alisson ficou ali com Muriel entre as traves e as lágrimas. Muriel fica. O ótimo Danilo Fernandes está chegando do Sport Recife abalizado por Falcão. E do Sport Club Internacional está saindo para a Roma do Rei Paulo Roberto Falcão o próprio Alisson Ramsés. O Faraó romanista. 

Se pudesse, Alisson levaria as goleiras para a Cidade Eterna como os colorados desmontaram as traves dos Eucaliptos antes da inauguração do Beira-Rio, em 1969. Mas não é preciso como ele na meta. Alisson e Muriel defendem o Inter como outros irmãos como Carpegiani e Borjão, para ficar numa só dupla. Jogam em família, como família, pela família. 
Ali Muriel e Alisson não são só os Becker. São goleiros, beques, meio-campistas e atacantes colorados. No Beira-Rio e na borda do campo são torcedores fardados. Desde a base até o topo da pirâmide. 

Naquela longa hora que valeu pelos 16 anos de clube, Alisson deve ter se visto no Olímpico (epa!) de Roma. Em uma arena (opa!) jogado aos leões e lobas romanas. Mas, principalmente, o guri que via o irmão voando de goleiro. Ele mesmo virando o número 1 do Inter e também do Brasil de outro gaúcho de raiz – Dunga, de Ijuí.  

36 anos depois de Falcão, Alisson vai a Roma. Mas pelos próximos tantos anos de vida, o guri vai ser o mesmo menino encostado na goleira sonhadora. 

Um guri como todo goleiro. Viajando atrás da bola. E sendo o número um do seu time.  

Boa viagem, Alisson. Mande lembranças tão legais como essas que você deixa no Beira-Rio hexacampeão.