Santos sempre Santos 1 X 0 Audax - bicampeão paulista 2015-16
Mauro Beting
08/05/2016 18h15
Não tem time que goste tanto do gol e do gosto dele como o Santos. Já era pré-Pelé. Desde o ataque dos 100 gols em 1927 em apenas 16 jogos. Na Era Pelé, então, chegava a não depender Dele. Os Meninos da Vila foram assim em 1978. Os 2.0 de 2002 e 2004 também era assim. De 2010 a 2012 os 3.0 também foram. 2015-16 vai do mesmo jeito. Bicampeão paulista.
Privilegiando o bom jogo. Ainda melhor pelas qualidades do vice-campeão paulista. Outro que joga demais. Gosta do jogo. Também sabe trabalhar a bola. Jogou melhor que o campeão em plena Vila. Mas um time que não perde em casa pelo SP desde 2011. E que fez no esforço e no sufoco o que o baleado Ricardo Oliveira fez no final, esse bicampeão é Santos.
Sempre Santos.
O Audax começou o jogo como Audax. Ficou com a bola quase dois minutos até chutar com perigo de fora da área. Camacho ficou atrás com os dois zagueiros para fazer a saída a três que o Santos resolveu não abafar. Esperou. E só o Audax jogou e finalizou até 13 minutos, quando Sidão foi acionado pelo Santos que, até então, assistia à notável troca de passes e inversão de bolas do time do Audax.
Ainda com exageros. Aos 17, o Santos deu o primeiro bote na saída perigosa de bola que envolveu também o goleiro. Por conta da pressão alvinegra ela se perdeu pela lateral. O arremesso rapidamente feito criou a primeira chegada perigosa do Santos. Esse apreço em não rifar a bola cobra valor incalculável ao time de Osasco.
Mas a ótima turma de Fernando Diniz só chegou à decisão por isso. Pelo apuro técnico e tático. Pelo treino que é jogo. Pela partida que é decisão. Logo, impõe risco. Pede desafio. Incita audácia.
Como teve Dorival Júnior aos 25 minutos. Lucas Lima sentiu a lesão esperada. Como Diego, na mítica decisão do BR-02. Ali foram alguns segundos em campo. Robert entrou muito bem e ajudou o Santos a vencer o Corinthians por 3 a 2. Agora, sem Lucas Lima, o filho da Sueli, em vez do meia Ronaldo Mendes (autor do gol do empate em Osasco), o treinador apostou em espetar Paulinho pela esquerda, com Vítor Bueno por dentro.
O jogo engrenou. Tchê Tchê mandou uma paulada na trave. Paulinho respondeu pra defesa de Sidão. Juninho deu o troco em seguida raspando o travessão. O que era bom jogo sem chances passou a ser partida mais aberta. Camacho quase fez golaço de fora, em outra ótima característica do Audax. O acerto no tiro longo.
Mas futebol permite tudo. Ainda mais quando se é gigante. Se é Sanfos.
Depois de longa e bela troca de passes, o Audax fez uma linda jogada com várias trocas de posições e corta-luzes. Até o Santos retomar na entrada da sua área, Vítor Bueno (na função de Lucas Lima) arrancar por dentro, e servir o artilheiro. Ricardo Oliveira tinha Bruno Silva pela frente, e mais dois na cola. Ele passou como o jovem que é, e marcou o gol como goleador que é, aos 44.
O Audax propôs o jogo e foi melhor no primeiro tempo.
Mas a Vila é do Santos. E o time que joga grande como o Audax levou gol de contragolpe que times grandes sofrem. E enormes como o Santos marcam.
SEGUNDO TEMPO
Fernando Diniz mexeu na lateral-direita, sacando o capitão Francis, que voltava à equipe. Rodolfo veio a campo. E o jogo da turma de Osasco seguiu o mesmo. O clube que era de Abilio Diniz quando começou como Pão de Açúcar é o time de Diniz, Fernando.
Buscou o ataque do mesmo jeito. O Santos se fechou mais e melhor que na primeira etapa. Até um pouco demais. Mas o suficiente para tirar da própria área a chegada do Audax.
Wellington entrou no lugar de Juninho, meia-atacante que caíra de produção depois de ótimo primeiro tempo. Ele abriu pela esquerda, Bruno Paulo veio por dentro. Dorival respondeu com Ronaldo Mendes na função de Vítor Bueno. É o Santos todo atrás. O que não é comum. Mas explorando muito bem o contragolpe. O que é desse time. E assim foi criando chances. Ao mesmo tempo que o Audax também tinha as dele. Ytalo cabeceou no travessão, aos 32, logo depois da saída de Ricardo Oliveira, que não estava se sentindo bem. Joel se sentiu à vontade. Tanto que fez belo gol, mas em posição de impedimento, aos 36. Impedimentos com todas as aspas. Posição legalissima do camaronês do Peixe.
Lance que não prejudicou o título. Mas ampliou o sufoco no final. Demérito da arbitragem, mérito do Audax que honrou o nome e a filosofia de Diniz.
Sufoco que Ronaldo Mendes ampliou aos 46, ao perder um gol daqueles de Nilson, na final da Copa do Brasil. Amplificado pela chance em seguida que Ytalo voleiou nãos mais seguras de Vanderlei.
Mas quem chega na final desde 2009. Quem veste esse uniforme imaculado ainda que multicolorido de tantos patrocinadores. Quem tem esse DNA só pode ser o que foi às 18h03 do Dia das Mães de 2016.
O pai dos paulistas neste século.
Sobre o Autor
Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério
Sobre o Blog
O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.