ESCREVE WILSON JR., da BASILEIA 

Sevilla: frieza suíça, calor latino
Suíça. Conhecida pela neutralidade. Na final da Liga Europa não foi bem assim. Afinal, o Liverpool nunca vai caminhar sozinho. E os torcedores dos Reds invadiram a Basileia já na véspera. Vermelhos. Fanáticos. Alcoólicos, por que não? 

A festa inglesa deu boas vindas à madrugada. E recomeçou nas primeiras horas da manhã. Antes mesmo do almoço, as mesas já estavam recheadas com longos copos de chopp e as camisas vermelhas. Do Liverpool, observe-se, já que o adversário também é rubro.
Bicicleta por aqui tem bastante. Só no primeiro tempo, passaram duas.

Uma pra lá. Na área defensiva do Sevilla, Carriço usou uma delas (ou meia, para os exigentes) para evitar um gol do Liverpool aos 10 minutos. Um susto.
Outra pra cá. Mais enjoada. Com buzina, espelhinho e 18 marchas, Gameiro subiu com estilo, mas foi parar na área de escape. Em linha reta, pela linha de fundo.

Mas a Suíça não é a terra das bicicletas. Dos canivetes, sim. E afiados eram os rápidos homens de frente de Klopp. 
Um corte horizontal na defesa do Sevilla. Da direita pra esquerda. Firmino, Coutinho, Sturridge. Estrago feito. Bola no ângulo de Soria: 1 a 0 aos 35 minutos.
Seria mais que um mero cortinho se o mesmo Sturridge não estivesse em impedimento passivo quando Lovren cabeceou para o fundo das redes espanholas, pouco depois.

O placar que pendia para o lado inglês voltou a ficar suíço com 17 segundos do segundo tempo. Segunda assistência brasileira. Mariano, na medida, pro francês Gameiro: 1 a 1. Neutro.

O 9 sevillista chegava a 8 gols na Liga Europa. E quase igualou o número da camisa aos 15. Sozinho na área, pegou de prima. Defesa à queima roupa do belga Mignolet. Sinais de temperatura em alta na fria Basileia.

Calor latino que incendiou o estádio no segundo gol espanhol. Tabelinha esperta de Vitolo com o argentino Banega, que o capitão Coke apareceu com tudo para concluir.

Golaço de Unai Emery, o estrategista (como diria o tradicional apresentador). Coke é lateral-direito de origem, começou o jogo como "esterno direito", apareceu pra decretar a virada lá do lado esquerdo e virou goleador quando levou o marcador a 3 a 1.

A frieza e a formalidade suíças já estavam soterradas gramado abaixo. Gol polêmico. O assistente assinalou posição irregular de Coke, mas o último toque havia sido de Coutinho e, contra o patrimônio, não conta assistência nem impedimento. O árbitro bancou e não teve mimimi que o fizesse voltar atrás.

Suíça. Conhecida pelo chocolate. O jogo ficava doce para o Sevilla. Amargo para o Liverpool de Klopp, que começou a se mexer. Entrou Origi. Entrou Allen. Entrou Benteke. Este último um atacante no lugar de um zagueiro. 

Não houve magia que resgatasse as reviravoltas do Liverpool nesta Liga Europa. Klopp gastou todo o estoque ao longo da campanha. Não teve alteração que transformasse a defesa espanhola num queijo suíço. 

Suíça. Paraíso fiscal das contas de tantos políticos pelo Brasil. Paraíso emocional dos torcedores do Sevilla, após a conquista da Liga Europa na Basileia.
Basileia, tríplice fronteira. Suíça. Mas quase Alemanha. Quase França. Ontem Inglaterra pela invasão dos fanáticos Reds. Hoje totalmente Espanha com a festa, latina, que não tem hora pra acabar. Nem nos mais pontuais relógios suíços.

ESCREVEU WILSON JR, DA BASILEIA.