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Tite é viver na seleção

Mauro Beting

14/06/2016 15h26

Dunga deixou o comando da seleção brasileira (Crédito: Hector RETAMAL/AFP)

Dunga não merecia ser execrado por 1990. Todo time precisa de um Dunga. Talvez não vários, como a OverDunga tática da seleção lazarenta.

Dunga mereceu a segunda chance e o caneco que levantou em 1994. Não podia perder a cabeça em Bebeto, em 1998. Mas sempre mereceu maior reconhecimento.

Mesmo de 2006 a 2010, quando se saiu melhor que a encomenda na Copa América, Eliminatórias, Copa das Confederações e Copa do Mundo – até o segundo tempo contra a Holanda, quando Julio César largou todas as bolas que segurou em quatro anos, quando Felipe baixou o marmello na expulsão mais previsível que as críticas que Dunga mereceu por não dar bola a Neymar e Ganso.

Dunga não merecia a segunda chance em 2014. Não com Tite na praça e na pista. O Brasil não mereceu tão pouca bola na Copa América, nas Eliminatórias, e na excursão para a Disney na copa sem ter nada: bola, Neymar e time. Perdeu gente qualificada. Mas ele também não chamou por birra quem merecia.

Em dois anos desmontou o Brasil dos 7 a 1. Refazendo o erro que  o vitimara. A CBF de 1990 a 1992 esqueceu a equipe eliminada nas oitavas de 1990. Mas dez dos fracassados e "banidos" em 1990 foram repescados para serem tetras em 1994. Agora, sem assumir, Dunga sumiu com o time de 2014. Só três estiveram na Copa América de 2016.

Muita coisa precisa mesmo mudar. Mas não tudo.

Uma que precisava mesmo era a seleção – enquanto não se muda toda a CBF. Não tem mais como Dunga seguir. Até por não serem muitos os atletas fechados com o treinador. Não que tenham razão quanto a isso. Empregado não pode mandar no patrão. Mas uma sintonia maior precisa existir. E essa química não existe.

Algo que Tite tira de letra em quase todos os trabalhos que fez. É meu nome ideal para substituir Felipão – desde 2003. Eu já queria Tite no Brasil desde o trabalho no Grêmio de 2001-02. Mais ainda em 2014. Por tudo que melhorou. Por tudo que cria de soluções e não problemas. É o treinador da hora. O cara legal. O profissional correto.

Mas não cobrem milagres dele. E nem do Brasil. Qualquer treinador depende do que tem para escalar. É o jogador que ganha cinco Copas. É o jogador que perde Mundiais. Ou, algumas vezes, deixa de ganhar.

No Brasil, de amarelo ou em qualquer cor, temos nos perdido. Também por nos acharmos. A bola não entra mais por acaso ou por ter um caso de amor com a seleção. Ela precisa ser pensada, planejada e trabalhada. Precisa ser coordenada em conjunto. Algo que Tite já mostrou ser muito capaz em clube. E tem tudo para ser na Seleção.

Mas não esperem milagre. Tite é seleção. Mas não é a única solução.

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Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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