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Boa noite para quem tem sonhos dourados. Péssimo dia para quem só toma ferro.

Mauro Beting

20/08/2016 23h34

Só será possível devolver os 7 a 1 do Mineirão se o Brasil repetir o placar em uma semifinal de Copa do Mundo em Berlim, ou Munique, Hamburgo, Dortmund, sei lá onde na Alemanha, e, na final, a Seleção ganhar da Argentina e conquistar o Mundial.

Provalmente não acontecerá.

Do mesmo modo como não devolvemos o Maracanazo de 50 na virada da semifinal de 1970 contra o Uruguai. E não tem jeito de devolver a derrota de 1950. Essa é irreversível pelas circunstâncias.

E nada disso impediu de fazer festa como nenhum outro campeão mundial. Penta mundial.

Tão irreversível foi 1950 quanto a doença que se alastra em 2016 em rincões do Brasil minimizando a conquista olímpica, a alegria da torcida, e até o pachequismo – de fato exacerbado em qualquer momento.

Mas conquista inédita precisa sempre ser reiterada como conquista inédita. Um gol tomado em seis jogos é pouco. Não era a Alemanha principal, mas ela é muito melhor planejada e armada que o Brasil. Não foi o melhor futebol no começo. Mas o final foi ótimo. Foi nos pênaltis – como em 1994. E, se não há mesmo como comparar tecnicamente as equipes do tetra e do ouro, até por a de 2016 ser restritiva de idade, deve-se de novo louvar os propósitos:

Em 1994, eram dois volantes e dois meias presos taticamente. Um gênio no ataque e um senhor atacante.

Em 2016, os campeões olímpicos têm um só volante, um meia armando como volante, e quatro atacantes (e um gênio em potencial entre eles).

Estamos evoluindo. Indo e jogando pra frente. O ouro não é fim. É um recomeço.

Vai dar mais força a quem tanto nos enfraquece dentro e fora de campo? Vai. Mas sempre foi assim no penta.
Vai encobrir os problemas da Seleção principal? Não. É outro time. Outro técnico. Outras necessidades. Outras carências. Mas vai dar mais confiança, menos cobrança, mais respeito, mais paciência. Jamais um sucesso é fracasso.

Melhor dormir feliz com sonhos reais dourados do que resmungar só querendo ferro na nossa alegria.

Mas se você quiser ainda minimizar, a Alemanha segue tendo mais Mundiais conquistados no Maracanã que o Brasil. 

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Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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