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Paulo do Grêmio

Mauro Beting

21/07/2017 10h48

Paulo Santana era Grêmio mais do que o Grêmio é Tricolor. Paulo Santana era cronista mais do que jornalista. Paulo Santana era coração mais do que cabeça. Por tabela era mais fígado e cotovelo do que muita vezes o recomendado. 

Mas era brilhante. Daqueles que você para para ouvir mesmo que fosse a pataquada da paróquia. Porque Paulo sabia dizer muito no silêncio. Na pausa. Na inflexão. Nas reflexões. Sabia falar e escrever. Virtude ainda maior em dias em que mal se sabe escrever, mal se lê, e se entende muito mal. 

Paulo desde sempre era assumidamente Grêmio num mundo onde parece ser melhor ser sumidamente "neutro". Rio Grande do Sul onde não se pode ser um e outro pela duelo de maior dualidade do país.

Paulo bravateava e desbravava áreas que outros colegas queridos e amigos começam a peitar, tirando do armário a camisa do coração, assumindo a paixão que nos levou à mídia. E quase sempre mantendo os modos e a média necessária para garantir o leitinho nosso de cada dia. 

A última vez que estive com ele foi no Palácio da Alvorada, no jantar pré-Copa de 2014 com a presidência. Sentado ao lado de Dilma, Paulo roubou a cena com deus arroubos de humor fino, e seu apaixonado e apaixonante jeito de expressar apreço e desapreço na mesma frase. Arrancou da excelência os maiores sorrisos e risos. Fazendo tudo mais fácil. Aparando arestas. Criando questões. Ensinando comunicação. Desfraldando bandeiras. Fardando convicções. 

Um show. Que não pode parar. Criar novos Paulos não é fácil. Mas vestir a camisa e abrir o jogo é necessário, ainda que difícil. 

Que as novas gerações se inspirem em quem torce por um clube mas não distorce por ele. 

Uma eterna madrugada japonesa de 1983, Paulo Santana. 

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Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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