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As nossas doces crianças Axl Rose e Zé Roberto

Mauro Beting

29/09/2017 08h08

Zé Roberto, 43, o cara que faz funcional de manhã na academia e é o último a sair do treino nas tardes da Academia, vai para o clássico entre Palmeiras x Santos com o mesmo pique, vigor e humildade desde 1994.

Axl Rose, 55, o cara que há 29 anos canta a respeito da doce criança dele, definitivamente não é um Zé Roberto na questão física. Anos de química pesada e anatomia heavy-metal o levaram a ser (mais uma vez) chacota balofa e acabada na performance no RiR. Mesmo que tenha feito show mais longo do que os espetáculos de Zé Roberto na carreira exemplar e longeva.

O problema não é apenas dos jovens imaturos que não respeitam nem o dia em que eles sairão das espinhas do rosto aos espinhos do Rose. Maior problema ainda somos nós que temos quase a mesma idade e mal olhamos (ou cabemos) no espelho detonando a imagem alheia. Tão alheios à nossa própria.

Detonar o roqueiro caído, a atriz botocada, o artista encarquilhado, o desrespeito botocudo é esporte para todas as idades. Esporro nem adianta para quem não entende que adiante você é o ponto de referência: "o banheiro é ali do lado daquele velho caído".

É você daqui uns tempos. É você o que já temos.

Não respeitar quem tem história não é só atributo que paga quem não a terá. É maldade que não tem idade. É desapontar pra própria imagem. É não olhar além da aparência. É se levar pelo que é agora é pode só ser da hora. Não da história.

Quando você estiver no estádio e eventualmente o Zé Roberto não puder acompanhar na corrida quem quer que seja, lembre minimamente a correria dele desde 1994. O esforço dele ainda maior para estar em campo aos 43 anos honrando a sua camisa. O seu clube. A sua história.

Quando no ônibus, na rua, no trampo ou na escola você vir alguém sorrindo e suando como o Zé Roberto, cante em voz baixa SWEET CHILD O'MINE.

Eles merecem.

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Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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