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Teve volta, mas não olímpica. Palmeiras 0 x 1 Corinthians (3 x 4 pênaltis)

Mauro Beting

08/04/2018 19h44

Como em 1999, não teve a volta olímpica pela conquista do Estadual (então pela briga generalizada, agora pela falta de educação geral de um túnel desinflado, a torcida única que impede a festa do visitante, a falta de respeito a tudo e a todos). Como em 1993, mais uma arbitragem polêmica de um Aparecido (com razões e emoções para os dois lados por erros capitais). Como em 2017, 2013, 2009, 2003, 2001, 1999, 1997, 1995, 1988, 1983, 1982, 1979, 1977, 1954, 1952, 1951, 1941, 1939, 1938, 1937, 1930, 1929, 1928, 1924, 1923, 1922, 1916 e 1914, deu o maior campeão dos campeões paulistas.

O Corinthians da virada. Não jogou bem quando perdeu para o Bragantino nas quartas, mas se recuperou na volta, em Itaquera. Jogou menos que o São Paulo nos dois jogos, mas se superou na última bola, na Arena, e Cássio foi o monstro que é nos pênaltis contra o Tricolor. Criou mais chances que o Palmeiras no primeiro jogo (6 x 3) mas não mereceu melhor sorte. No Allianz Parque, mesmo sem Clayson para articular (e Felipe Melo do lado verde para organizar a defesa e iniciar o jogo), o Corinthians foi feliz no primeiro ataque, com um minuto, em belo lance de Matheus Vital para Rodriguinho abrir o placar, em bola desviada de Victor Luís.

A trocação que se esperava se viu até 11 minutos. Duas chances para os dois lados, um lance de gol bem anulado para cada equipe, e o Corinthians só chegaria à meta de Jailson aos 50 do segundo tempo, em escanteio batido por Lucca. Matheus Vital já estava fora depois de ter criado muito para cima de Marcos Rocha e Antonio Carlos nos primeiros 15 minutos. E, depois, ficou especulando muito atrás, esperando um Palmeiras que criou mais (11 oportunidades), desperdiçou uma impressionante com Thiago Santos, aos 47 finais, em grande lance de Keno, Um que entrou bem (talvez só não devesse no lugar de Willian e sim de Lucas Lima), e, quando foi para a direita, aos 23, no lugar de Dudu (que foi o melhor em 90 minutos pelo que criou para cima de Sidicley), foi ainda mais perigoso.

O lateral corintiano levou um baile por 98 minutos. Até escapar pela esquerda e quase marcar um golaço de pé direito, em um jogo que ficou mais aberto no final, e com 10 minutos de acréscimo – e eternamente polêmico pelos erros da arbitragem.

Aos 26, Ralf dividiu com Dudu e mandou a bola para escanteio. Da cabine, a mais de 150 metros do lance, e com minha miopia galopante, não vi pênalti. Pela TV, em nenhum momento achei que Marcelo Aparecido de Souza acertou ao marcar o pênalti que ele demorou a definir. Erro crasso contra o Corinthians que poderia mudar o campeonato – embora pênalti, contra Cássio, não seja fácil, como mal sabem tricolores e aprenderam os palmeirenses, logo depois.

Mas o futebol é essa coisa tão maluca que o árbitro errou feio em um primeiro momento, e erraria ainda mais feio ao aceitar depois de muito tempo a informação trazida pelo quarto árbitro Adriano de Assis Miranda. Ele que vinha atuando de maneira bastante intensa no auxílio do árbitro, do lado de fora. Ele que demorou demais para chamar o árbitro para acertar na decisão. Acertou no final das contas, e errou ainda mais por acertar essas contas com o mais do que provável uso indevido de interferência externa. Ao abusar do tempo além do recomendável, ele suscitou a mais que verossímil interferência externa que é proibida.

Uma pena. A arbitragem do Brasil é tão ruim e despreparada que erra até quando acerta – depois de ter errado tão feio.

Com o tempo parado por mais de sete minutos, o Palmeiras perdeu um pouco do ritmo que só readquiriu no final do jogo.

No final, em 180 minutos, o Palmeiras teve 14 chances contra 10 do Corinthians. Mas não teve tranquilidade e capacidade para fazer o gol que evitaria os pênaltis.

No canto onde conquistou a Copa do Brasil, mesmo com as meias brancas tão queridas em outras finais conquistadas não só contra o Corinthians, Dudu bateu no mesmo canto onde cobrara contra o Novorizontino, e Cássio foi muito bem. Como iria ainda melhor na cobrança de Lucas Lima. Mais uma vez fazendo e refazendo história pelo Corinthians. Três paulistas, dois Brasileiros, uma Libertadores invictas, o bi mundial.

Ainda não é o maior goleiro que vi no Corinthians, e nem o mais corintiano goleiro alvinegro.

Mas ele é o cara. Um monstro. Um gigante que deixa a meta um gol-caixote. Foi o que fez contra Dudu e Lucas Lima. Ganhando mais uma vez no Allianz Parque, e superando a melhor campanha nos pênaltis. Não necessariamente o melhor time.

O Palmeiras segue tendo mais jogadores de nível, melhores opções de elenco, mas ainda não tem mais time. Ou equipe tão encorpada como a do Corinthians há 16 meses treinado por um excelente profissional que há 9 anos está no clube.

Foi uma das mais maravilhosas conquistas corintianas. Não pelo futebol jogado. Mas pelo Corinthians ter sido tão Corinthians.

Veja a análise do jogo de Gustavo Roman

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Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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