Bélgica 2 x 1 Brasil. Belga é o canarinho. Vamos nos Qatar em 2022.
Mauro Beting
06/07/2018 19h31
Estou saindo da TV agora. Entramos no ar logo depois do apito final de um jogo em que o Brasil enfrentou uma ótima equipe da melhor geração do país dela. Aquela que muita gente desdenhava sem ter visto. Ou via e não enxergava as qualidades.
Bélgica que mudou para enfrentar o Brasil. Saiu o ótimo Mertens e o bom Carrasco. Em vez do 3-1-3-3 dos jogos iniciais, um 4-3-3 reativo. Com Lukaku deslocado do comando do ataque para a ponta-direita. De Bruyne adiantado para ser um falso 9. Hazard mais aberto pela esquerda, na dele, mas com menos movimentação. "Invencionice" que deu muito certo para eles, aos 12 e aos 30.
Witsel seguiu na cabeça da área. Mas com a ajuda do melhor grosso do mundo (Fellaini) e do versátil Chadli do outro lado. Meunier recuado como lateral, não mais um ala como foi em toda a Copa. Verthongen fixo como zagueiro-lateral. Aldereweireld na zaga pela direita. Kompany não deixando passar quase nada pela esquerda.
E Courtois fazendo a partida da vida dele pela Bélgica. Oito importantes defesas. A última de cinema na finalização de arte de Neymar, aos 48. Aquele lance para consagrar quem chuta. Ou quem defendeu como o grande goleiro belga. O que pegou as bolas impossíveis que Alisson não conseguiu no gol duplamente contra de Fernandinho, aos 12. Na furada de Gabriel Jesus que fez com que a bola batesse no infeliz substituto do saudoso Casemiro.
Fernandinho que foi o pior entre tantos em campo nos 7 a 1. O pior novamente na eliminação brasileira. Também pelo segundo gol onde deixou o Lebron belga Lukaku fazer o que quisesse no meio até servir De Bruyne solto com Meunier. Erro absurdo de combate, marcação e cobertura de todo o ótimo sistema defensivo brasileiro.
Inadmissível. Quase intolerável. Como é uma derrota do Brasil em Copas.
Uma decepção como a Copa de Neymar.
Uma frustração como a eliminação de um time bem montado por Tite.
Mas que perdeu um jogo contra um ótimo rival que criou sete chances e viu a Seleção ter 20 oportunidades. Algumas perdidas que não se perdem. Ainda que haja motivos. Ainda que eliminado por ótima seleção.
Não é fracasso. Nem vexame.
É frustração. Derrota dolorida demais para seguir comentando por aqui.
Daqui a pouco eu volto. Escrevo mais sobre o jogo mais tarde.
Qatar é logo ali.
Vamos todos nós Qatar.
(Retomando, nesta manhã de sábado, depois de ausência por motivos de força menor…)
TÁTICA – Brasil no 4-1-4-1 variável para o 4-2-3-1. Bélgica repaginada no 4-3-3. Com a bola, o 3-4-3 mais direto dos outros jogos.
CHANCES DE GOL – Brasil 9 x 7 primeiro tempo; Brasil 12 x 1. TOTAL – Brasil 21 x 8.
O CARA – Courtois. Não vinha sendo o que é. Foi contra o Brasil. Como Hazard.
NOTAS – BRASIL 7 x 7 BÉLGICA 7. JOGO – NOTA 8
NOTAS BRASIL
Alisson (5). Não tinha o que fazer nos dois gols. Fez uma boa defesa depois. Mas passou a Copa dando a impressão do que poderia ter feito mais.
Fagner (4). Não atacou quando poderia e deveria. Sofreu com Hazard. Não comprometeu. Mas pouco acrescentou.
Thiago Silva (7). Um dos melhores da Copa. Quase abriu o placar aos 7 com uma bola que bateu dele e foi na trave.
Miranda (7). Tragado pela falta de marcação lá na frente no segundo gol. Mas foi muito bem na contenção na segunda etapa ao porta-aviões Lukaku.
Marcelo (6). Foi pelo seu lado o segundo gol. Não deu o bote em De Bruyne. Quase tinha de cruzar chutava ou vice-versa. Mas pediu bola e criou bons lances como ponta na esquerda. Quis e gerou jogo.
Fernandinho (3). Infeliz no primeiro gol. Ausente no segundo. Errando vários passes. Uma lástima.
Paulinho (5). Mais uma vez pisou pouco na área e aportou pouco na contenção. Nem chegou perto de Lukaku na arrancada do segundo gol.
[Renato Augusto (7). Entrou aos 27, fez com bela cabeçada o gol aos 30, e teve limpa a bola que seria do empate e mandou à direita de Courtois, aos 35. Melhor do que vinha sendo.
Willian (5). Voltou a ser discreto. Tímido. Saiu no intervalo.
[Firmino (5). Entrou 45 minutos. Na dele. E fez pouco do bastante que vinha aportando].
Coutinho (4). Foi caindo de produção a cada jogo. Perdeu um gol aos 38 finais em que estava absoluto e isolou a bola depois de grande lance de Neymar. Não se achou e não se viu. Mas deu um lindo passe para o gol de Renato.
Neymar (4). Pelo que é, pelo que será, não foi. O primeiro lance real de gol em que participou foi só aos 29 da segunda etapa, em rebote de bomba de Douglas Costa. Aos 38 deu um gol para Coutinho isolar. E, aos 48, não fez belíssimo gol por defesa ainda maior de Courtois. Mas ainda assim foi pouco. Pouco driblou, muito cavou faltas, pouco foi indisciplinado. Mas foi pouco.
Gabriel Jesus (4). A maior insistência de Tite. E também seria minha. Mas eu o teria sacado no intervalo depois de ter sido infeliz no gol belga. O melhor lance que criou na Copa (a caneta de Verthongen) deu num lance que eu não marcaria nada no campo. Mas posso discutir pênalti por imprudência no carrinho de Kompany usando o VAR. Saiu só aos 14.
[Douglas Costa (7). Não fossem as lesões teria sido titular. E a sorte poderia ter sido outra. Sempre quis jogo. E poderia ter entrado já no intervalo].
Tite (5). O Brasil dele falhou pouco. Muito pouco. Mas quando errou foi fatal. O time que ele começou eu também teria escalado. Teria sacado antes Gabriel Jesus.
Sobre o Autor
Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério
Sobre o Blog
O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.