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A camisa do pai do Lorenzo, goleiro da Chapecoense

Mauro Beting

05/10/2018 13h23

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Lorenzo, filho de Danilo, goleiro da Chapecoense, tinha dois anos e meio quando pediu uma medalha para o pai. Em grande fase, o número um e principal responsável pela classificação da Chape para a decisão da Copa Sul-Americana de 2016 contra o Atlético Nacional de Medellin tinha imaginado dar a medalha da conquista difícil, mas possível, para o filho.

Na partida anterior à viagem para a decisão na Colômbia, a Chapecoense enfrentou o Palmeiras, que foi campeão brasileiro de 2016 pela vitória por 1 a 0 naquele jogo de maior público da história do Parque Antárctica. Ao final da partida, antes da festa do Verdão que inspirou as cores da Chape na fundação do clube, Danilo trocou a camisa com o capitão palmeirense Dudu. Um dos ídolos da mulher Letícia, alviverde de coração.

– Pedi pro Danilo trocar a camisa e me dar de presente. Sempre alguém pedia as camisas que ele trocava e ele não sabia falar "não" e acabava dando pra alguém… Mas, naquele domingo, ele me ligou depois do jogo como sempre fazia, dizendo que tinha conseguido trocar a camisa com o Dudu. Fiquei super feliz!

A Chape saiu de São Paulo no dia seguinte para Medellin.

A camisa de Dudu nunca chegou a Letícia e ao filho Lorenzo.

Em janeiro de 2017, o Palmeiras foi jogar na Arena Condá contra a Chapecoense. O campeão brasileiro de 2016 foi quem mais ajudou na reconstrução do clube. Antes do amistoso, Dudu conversou com Letícia e pediu para que ela fosse até a concentração do Palmeiras.

Lá Lorenzo recebeu de Dudu um uniforme completo do clube. Letícia ganhou uma outra camisa de Dudu. Na concentração, mãe e filho receberam de volta a camisa do último jogo de Danilo.

– Foi lindo o gesto dele. Hoje eu tenho comigo umas das lembranças mais lindas do Danilo… Não tenho palavras pra agradecer ao Dudu. Porque tudo o que tenho do meu marido hoje são as lindas lembranças dele. E essa ultima camisa que ele usou em campo significa muito pra mim e pro meu pequeno Lorenzo.

Quase dois anos depois, Lorenzo lembra tudo que viveu com o pai. Os brinquedos que ganhou, as roupas que tinha. Hoje ele conta histórias do pai muito vivo dentro dele. Danilo que foi buscá-lo na escola, que eles saíram para comer, que vão brincar no fim de semana, que vão jogar bola..: Tudo que ele tem vontade de fazer com o pai.

– Ele é muito parecido com o Danilo em tudo. O jeito de andar é igualzinho. Ele se foi, mas deixou seu pedacinho pra mim.

Como Dudu e o Palmeiras devolveram à família um pouco do tudo que é Danilo para eles. A camisa que tão bem vestiu está de volta ao lar. A campeã que Dudu deu não tem volta. Só que o sentimento e o respeito a quem partiu mas que estará sempre conosco pode ser retribuído com gestos tão simples e tão queridos.

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Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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