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Heroico e histórico. Grêmio 1 x 2 River Plate.

Mauro Beting

31/10/2018 01h08

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Até 36min28s do segundo tempo não havia como imaginar o que o River conseguiu como poucas vezes em sua história em pouco mais de 5 minutos. Como raras vezes o Grêmio foi batido em 115 anos. 

O campeão da América começou com a mesmo ideia de time da grande vitória na Argentina. Michel na frente dos zagueiros, Maicon e Cícero por dentro numa linha de quatro, Jael recuado demais. Mas sem a mesma concentração. Com menos de 2 minutos quase levou o gol que levaria tudo aos pênaltis, na desatenção do lado esquerdo (com Geromel por ali, e Paulo Miranda à direita) que deixou Borré isolado para não finalizar e nem cruzar a primeira chance na Arena. 

Aos poucos o jogo foi ficando igual como em Núñez. Mas com a grande vantagem gaúcha ditando o ritmo e as ideias tricolores. O River começou a arriscar de longe, sobretudo Palácios. O Grêmio respondeu do mesmo jeito, quase sempre com Alisson, a única opção de velocidade de Renato para a transição mais rápida.  

Aos 15, a Arena já estava quieta pela dificuldade do time da casa se impor como tal, e pela boa qualidade platina. Jogo perigosíssimo para o Grêmio. Mas parece que essa camisa gosta mesmo disso. Ser desafiada pelos rivais e pelos fatos. E sair dos problemas como se sobressai na história. 

Aos 23, Ponzio saiu lesionado. Enzo Pérez foi ao jogo.  E o River seguiu em cima. O excelente Palácios, de apenas 20 de idade que parece ter 20 só de Libertadores, mandou a segunda raspando a trave, aos 27. 

Até que o Grêmio passou a jogar um tanto mais. Sair mais. E, de novo na bola parada, depois de escanteio rebatido e Alisson, a aposta de Renato (Leonardo) pegou de fora da área a bola que bateu em Pratto e tirou o ótimo Armani do lance. 

1 a 0, aos 35. Gol de time predestinado. Copeiro. Preciso. Afortunado. 

O River teria de virar o jogo e história. 

A bola entrou e a chuva apertou em Porto Alegre. Mas o River manteve a toada. Ficou com quase 70% da bola até o final do primeiro tempo de felicidade extrema tricolor, também por outro tiro raspando a trave de Grohe, e Paulo Miranda e Geromel espanando tudo. 

Na volta do intervalo, o Grêmio passou  a jogar também, não ficando tão atrás. Ainda mais com Everton de volta de lesão, aos 11, no lugar de Maicon. Ele foi à esquerda, Alisson foi puxar os ataques pela direita, e Ramiro foi centralizado para dar um pé a Michel. O River foi perdendo a força ofensiva e criativa. O suspenso Gallardo apostou em Martínez para criar. Mas era o dono da casa e do placar e da vantagem de dois gols que era mais perigoso na etapa final. E teve a bola da classificação aos pés de Cebolinha, aos 21, depois de lindo lançamento de Cícero. Talvez por não jogar desde 6 de outubro, o selecionável perdeu o ritmo e o gol que Armani bem defendeu. 

O Grêmio estava enfim melhor (mesmo sem o craque do tri, o também lesionado Luan). Equilibrara a partida. Parecia ter tudo dominado e controlado. Até que tudo começou a dar errado quando não parecia. São esses jogos que usualmente o Grêmio vai buscar o placar. Não o contrário. São partidas como essa que o River perde, a ponto de em 1966 ter "ganhado" a alcunha de gallinas por perder uma final que não tinha como ser virada pelo Peñarol. 

Aos 25, Paulo Miranda, em ótima partida, sentiu câimbra nas duas pernas. Bressan teve de entrar. E o desafortunado zagueiro teve de de ir pro jogo. Antes de tocar na bola já levou um amarelo injusto por uma provocação de Pinola. Não mereceu. E o gremista, a partir daí, menos ainda. 

Cantou e empurrou o time à frente contra um River que pouco fazia e, quando chegava, parava nas defesas e coragem de Grohe. 

Até que…

Ramiro cometeu falta evitável em Pratto, quando o River era dois no meio e quatro atacantes (com a entrada do ex-colorado Scocco). No bumba meu chorizo, Martínez levantou na área, a zaga que tudo tirava subiu mal, Michel não alcançou, Jael deixou Borré escapar e desviar de cabeça a bola que ainda bateu (sem intenção) em seu braço, e não teve como Grohe repetir os milagres de 2017. 

36min28s. 1 a 1. 

Ainda dava Grêmio. Mas já não passava a mesma segurança usual. 

A Arena calou. O tricampeão da América sentiu a pressão de fato pela primeira vez. A torcida do River atrás da meta de Armani acordou. 

Renato resolveu reforçar o meio com Thaciano no lugar do limitadíssimo Jael – que sentiu lesão no momento que cabeceou errado uma saída pro contragolpe. 

39min32s. Scocco recebeu na entrada da área e girou de sem pulo a bola que desviou em Bressan para escanteio. Os jogadores argentinos pediram escanteio que a arbitragem demorou a marcar. 

40min40s. Antes de cobrar o escanteio, o árbitro foi até o meio-campo observar a lesão de Jael. O Grêmio enrolou até a entrada de Thaciano. 

40min50s. Na narração de Gustavo Villani no SporTV, com Martínez pronto para bater o escanteio, ele diz: "opa"!  O árbitro foi alertado pelo VAR de possível irregularidade no lance que provavelmente não teria sido vista não fosse a lesão de Jael. O escanteio seria batido e não teria mais como voltar atrás. 

Esses mais de um minuto e 10s de parada acabaram sendo fundamentais. 

41min00s. O árbitro Andrés Cunha chegou ao aparelho de VAR. 

41min56s. Ele marcou o pênalti e deu o segundo amarelo para Bressan. Expulso. 

E foi mesmo pênalti. O azarado zagueiro tricolor abriu o braço esquerdo de modo não natural. A bola bateu na mão dele. 

Em pouco mais de 5 minutos o River Plate virou o jogo como o rival Boca Juniors fizera na Bombonera contra o Palmeiras. 

49min46s. Martínez bateu bem de canhota, no alto da meta de Grohe. 

Teria jogo até 59min14s. Mas desde o gol de pênalti parecia que não teria mais Grêmio. 

Ganhou historicamente o River. 

E mereceu. O Grêmio foi grande. Mas os millonarios foram melhores. 

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Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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