Ninguém é obrigado a ser campeão brasileiro
Mauro Beting
07/11/2018 12h55
Nem o Santos de 1962
O nível do futebol no Brasileirão há anos não é bom. Calendário burro, presão exacerbada sobre treinadores e cartolas, impaciência 100 x 0 tolerância, jogadores saindo muito jovens, jogadores mais velhos deixando mais tarde os times, equipes desarmadas várias vezes durante os campeonatos, excesso de jogos, pouco planejamento, ideias raras e rasas.
Ainda assim é o campeonato mais equilibrado das grandes ligas. Longe de ser o melhor. E perto de ser o mais emocionante porque imprevisível.
Daí a ser tudo uma porcaria é querer adubar pensamentos.
Daí cobrar demais o líder de qualquer Brasileirão pelo desempenho em campo é querer muito mais.
O Palmeiras do BR-18, por exemplo. Desde 1959 não existe um líder que tenha tomado a ponta vindo da sétima posição com 10 vitórias e 4 empates nessa retomada com escalações com no máximo 6 titulares. Porque se dividindo e se multiplicando em até mais duas competições.
O Palmeiras de Felipão fez isso tudo. Há 17 jogos invictos no BR-18. Com notável campanha no returno. Vitórias incontestáveis também pela maratona e pela qualidade e quantidade do elenco que cobravam ser "inchado"…
(Só se for o cotovelo de quem não tem).
O que se pode é cobrar melhor desempenho – mas não sempre. Jogo mais qualificado – para os níveis atuais. E para todos. Não só agora.
Não é a Academia 3.0 nem mais uma das três Vias Lácteas montadas pela Parmalat nos anos 90. Mas é time, ou melhor, elenco, para fazer tudo que tem feito em 2018: finalista do SP-18 que perdeu mesmo com a melhor campanha, semifinalista das duas Copas, maior favorito ao título brasileiro.
Campeonato que só é "obrigação" para quem analisa futebol como Banco Imobiliário, só joga Football Manager, e não sabe o que é Brasileirão e o que é futebol.
O Palmeiras está fazendo muito bem. E o que é possível com tantos compromissos. Os demais estão fazendo ainda menos do que duas capacidades. Inclusive quem tem dinheiro e elenco como o Flamengo.
Sobre o Autor
Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério
Sobre o Blog
O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.